DIREÇÃO:
Kitty Green
ROTEIRO:
Kitty Green
ELENCO PRINCIPAL: Julia
Garner, Matthew Macfadyen, Kristine Frøseth...
SINOPSE:
Jane é uma aspirante a produtora de cinema que recentemente conseguiu seu
emprego dos sonhos como assistente júnior de um poderoso magnata do
entretenimento. O dia dela é muito parecido com o de qualquer outra assistente.
Mas, à medida que Jane segue sua rotina diária, ela começa a perceber todos os
abusos que envolvem seu ambiente de trabalho e sua posição profissional.
AUTORA do TEXTO: Vanessa Paiva
INSTAGRAM: https://www.instagram.com/paivaness1/
LETTERBOXD: https://letterboxd.com/vanessapaiva/
O
filme começa morno, fica evidente apenas a rotina de trabalho de uma assistente
de escritório. A atuação da atriz não impressiona no começo, o espectador mero
observador de tudo ali. As cores no geral são verdes e acinzentadas, o que
revela um ambiente frio que, na minha visão, acentua ainda mais o que afirmei
anteriormente. A narrativa é linear, há uma continuidade lógica quase que
previsível.
Basicamente
você fica na tentativa de ser surpreendido no início, mas o andar é um tanto
arrastado e Jane é um tanto inexpressiva, a princípio fiquei me perguntando
se talvez não fosse essa a proposta do diretor - uma aura indefesa e frágil para ela, como se não pudesse lutar e sempre
afogada em lágrimas. Ademais, ela sempre estava sobrecarregada de trabalho
e pressionada por todos os lados em sua função.

Há também
os abusos e a rotina de um escritório onde Jane está sempre sendo culpada e
martirizada pelos erros do próprio chefe. Um ambiente passivamente hostil
repleto de comportamentos que reforçam e exprimem a condição de repulsa de Jane,
como ter que se humilhar para limpar um sofá sujo de fluidos corporais todas as
manhãs ou presenciar seus colegas rindo de ligações eróticas do chefe.

O plot twist começa com a chegada de uma
segunda garota que é contratada por seu chefe para trabalhar no escritório no
mesmo ambiente que Jane. Essa garota é colocada no hotel e, devido a comentários
de dentro do escritório, fica claro que havia algo de errado, o que faz Jane
buscar ajuda para poder saber o que acontece com a garota - o medo dela não é revelado, mas fica
implícito que seja o assédio ou coisa pior.
Jane busca
ajuda, porém seu apelo, além de ser relativizado e diminuído (obviamente por ser um comportamento
masculino machista totalmente normalizado), ainda é desencorajado por um
funcionário, bem como é acusada de ciúmes, tendo que se humilhar novamente
pedindo desculpas a seu chefe. O esforço dela em se ajustar e se adaptar fica
nítido, mas aquilo a massacra, ainda que todos afirmem que é uma grande
oportunidade, parece que do início ao fim ela permanece quase que invisível.
Não fica claro que o chefe de Jane é Weinstein, mas presume-se, em
detrimento dos fatos narrados, que seja ele mesmo.
Bom, não é um filme com grandes reviravoltas, o momento que defino como crucial é a cena polêmica em
que Jane
tenta denunciar seu chefe. A ideia numa forma geral é boa e a causa muito
válida, mas a execução nem tanto - ela
sim foi um problema, talvez um furo ou outro no roteiro. No mais, foi uma
experiência um tanto incômoda. O longa transmite bem a perspectiva do silêncio
e da penosa realidade de uma mulher que se depara com uma cultura tão injusta, dominadora
e ainda mais perpetrada na indústria do cinema.

REFERÊNCIAS

0 comentários: