UMA VIDA OCULTA

By | julho 23, 2020 Leave a Comment
LANÇAMENTO: 27 de fevereiro de 2020
DIREÇÃO: Terrence Malick
ROTEIRO: Terrence Malick
ELENCO: August Diehl; Valerie Pachner; Bruno Ganz; Franz Rogowski...

SINOPSE: Franz Jägerstätter é um fazendeiro austríaco que se torna herói em circunstâncias um tanto quanto inusitadas. Quando ele é convocado a lutar junto ao exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial, ele se recusa e acaba, com apenas 36 anos de idade, condenado à pena de morte por traição à pátria.

AUTOR DO TEXTO: Victor Oliveira

Filme que narra a história, baseada em fatos reais, de Franz Jägerstätter, “Uma Vida Oculta” – inspirado no livro “Franz Jagerstatter: Letters and Writings from Prison”, de autoria de Erna Putz - é sobre a vida de um cristão que não abre mão dos seus preceitos morais, sociais e religiosos, mesmo que seja em prol da autodefesa, da defesa familiar ou de qualquer outro elemento.

Fazendo uma breve introdução sobre a vida de Franz, ele era um homem que, após o casamento com Franziska Schwaningermulher extremamente religiosa e crente nos desígnios de Deus -, mudou sua concepção cognitiva e espiritual sobre Deus, tornando-se, deste modo, um homem de grande fé e um estudioso assíduo dos substratos e princípios estabelecidos na Bíblia. Inclusive, em 1940, ingressou na Terceira Ordem de São Francisco e, em 1941, tornou-se sacristão da igreja católica em Radegund. Além disso, por ser fazendeiro e produtor de alimentos agrícolas, Franz não era convocado para servir na Segunda Guerra Mundial, visto que sua atividade era essencial para o abastecimento alimentício de unidades militares. Contudo, em 23 de fevereiro de 1943, contrariado e com ideologia cristã antinazista, foi chamado para ativa do serviço militar obrigatório.

Como o filme retrata o personagem pelo viés familiar e principiológico, ele não tem a intenção de expor os fatos sociais e históricos da vida de Franz. Na verdade, percebe-se que a finalidade da montagem do filme é direcionar sua energia para mostrar o quanto ele ama sua família (mãe, esposa e filhas), catalisando o fardo e a relevância de sua decisão de se abster de lutar em defesa do regime nazista, custe o que custar. Assim, o diretor Terrence Malick prepara o terreno para a construção do homem, não importando os fatos históricos que fizeram parte de sua vida. Além disso, o diretor não deseja discutir a ideologia que Franz, ferrenhamente, defende, mas simplesmente nos por na posição de nos questionar da seguinte forma: Até que ponto eu iria pela minha ideologia humana, social ou cultural? Eu estaria pronto para pagar o preço de defende-la em qualquer circunstância?


Ademais, a percepção que emerge, analisando a sociedade e sua história, é que um dos grandes males da relação social é a interpretação da divergência ideológica como pessoal, tendo como consequência a incidência de violência moral, física, psicológica etc, quando na verdade é apenas a exposição, através da vida, de uma visão de mundo alicerçada nas experiências sociais, educacionais, culturais ou humanas que o indivíduo vivenciou.  


Quanto à fotografia, o filme é um espetáculo visual, imbuído de elementos contemplativos característicos do diretor Terrence Malick, nos pondo diante da natureza como chave dos desejos de Franz, que só queria a paz e a tranquilidade de sua vida, discordando do regime nazista, de forma “minoritária”pois muitos defendiam o regime por mera sobrevivência -, sem ativismo político, mas com defesa do ponto de vista do âmago da sua existência.  Além disso, quando associamos a fotografia com a trilha sonora trazida pelo filme, estamos diante de um estupendo trabalho de imersão que vale cada segundo.

As atuações dos atores August Diehl (Franz Jägerstätter) e Valerie Pachner (Franziska Jägerstätter) estão extraordinariamente intensas e fortes na representação de tais personagens, trazendo toda verdade necessária para se entregar uma história intensa, verdadeira e impactante. Além disso, vale menção honrosa ao saudoso Bruno Ganz (Juiz Lueben), fazendo uma participação curta, mas que fala muito.

Entretanto, apesar da torrente de elogios disseminados nesta crítica, há um elemento que me incomodou enormemente no filme: uso do vocabulário inglês. O filme traz uma infinidade de situações em que os personagens falam sua língua local, inclusive sem a presença de legenda em tais momentos. Porém, os personagens centrais da trama falam inglês com seus próprios compatriotas, dentro de suas próprias terras? Ou se põe todos os personagens falando em inglês - e isso não teria problema algum, haja vista ser uma produção americana – ou põe todos falando a língua nativa. Agora por línguas mescladas é algo que incomodou assistindo o filme, mas não tira a beleza da mensagem e da história que nos é posta.

Portanto, “Uma Vida Oculta” é um filme forte, impactante e atemporal, trazendo uma mensagem de muita relevância, tanto para os tempos atuais, como para os tempos que hão de vir. 

REFERÊNCIAS




Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários: