

LANÇAMENTO: 27 de fevereiro de 2020
DIREÇÃO: Terrence Malick
ROTEIRO: Terrence Malick
ELENCO: August Diehl; Valerie Pachner; Bruno Ganz; Franz Rogowski...
SINOPSE: Franz
Jägerstätter é um fazendeiro austríaco que se torna herói em circunstâncias um
tanto quanto inusitadas. Quando ele é convocado a lutar junto ao exército
alemão durante a Segunda Guerra Mundial, ele se recusa e acaba, com apenas 36
anos de idade, condenado à pena de morte por traição à pátria.
AUTOR DO TEXTO: Victor Oliveira
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Filme
que narra a história, baseada em fatos reais, de Franz Jägerstätter, “Uma Vida
Oculta” – inspirado no livro “Franz
Jagerstatter: Letters and Writings from Prison”, de autoria de Erna Putz - é
sobre a vida de um cristão que não abre mão dos seus preceitos morais, sociais
e religiosos, mesmo que seja em prol da autodefesa, da defesa familiar ou de
qualquer outro elemento.
Fazendo
uma breve introdução sobre a vida de Franz, ele era um homem que, após o
casamento com Franziska Schwaninger – mulher
extremamente religiosa e crente nos desígnios de Deus -, mudou sua concepção
cognitiva e espiritual sobre Deus, tornando-se, deste modo, um homem de grande
fé e um estudioso assíduo dos substratos e princípios estabelecidos na Bíblia.
Inclusive, em 1940, ingressou na Terceira Ordem de São Francisco
e, em 1941, tornou-se sacristão da igreja católica
em Radegund. Além disso, por ser fazendeiro e produtor de alimentos agrícolas,
Franz não era convocado para servir na Segunda Guerra Mundial, visto que sua
atividade era essencial para o abastecimento alimentício de unidades militares.
Contudo, em 23 de fevereiro de 1943, contrariado e com ideologia cristã
antinazista, foi chamado para ativa do serviço militar obrigatório.
Como
o filme retrata o personagem pelo viés familiar e principiológico, ele não tem
a intenção de expor os fatos sociais e históricos da vida de Franz.
Na verdade, percebe-se que a finalidade da montagem do filme é direcionar sua
energia para mostrar o quanto ele ama sua família (mãe, esposa e filhas), catalisando o fardo e a relevância de sua
decisão de se abster de lutar em defesa do regime nazista, custe o que custar. Assim,
o diretor Terrence Malick prepara o terreno para a construção do homem,
não importando os fatos históricos que fizeram parte de sua vida. Além disso, o
diretor não deseja discutir a ideologia que Franz, ferrenhamente,
defende, mas simplesmente nos por na posição de nos questionar da seguinte
forma: Até que ponto eu iria pela minha ideologia humana, social ou
cultural? Eu estaria pronto para pagar o preço de
defende-la em qualquer circunstância?

Ademais,
a percepção que emerge, analisando a sociedade e sua história, é que um dos
grandes males da relação social é a interpretação da divergência ideológica
como pessoal, tendo como consequência a incidência de violência moral, física,
psicológica etc, quando na verdade é apenas a exposição, através da vida, de
uma visão de mundo alicerçada nas experiências sociais, educacionais, culturais
ou humanas que o indivíduo vivenciou.

Quanto
à fotografia, o filme é um espetáculo visual, imbuído de elementos
contemplativos característicos do diretor Terrence Malick, nos pondo diante da
natureza como chave dos desejos de Franz, que só queria a paz e a tranquilidade
de sua vida, discordando do regime nazista, de forma “minoritária” – pois
muitos defendiam o regime por mera sobrevivência -, sem ativismo político, mas com defesa do ponto de vista do âmago da sua existência. Além disso, quando associamos a fotografia
com a trilha sonora trazida pelo filme, estamos diante de um estupendo trabalho
de imersão que vale cada segundo.
As
atuações dos atores August Diehl (Franz
Jägerstätter) e Valerie Pachner (Franziska
Jägerstätter) estão extraordinariamente intensas e fortes na representação
de tais personagens, trazendo toda verdade necessária para se entregar uma
história intensa, verdadeira e impactante. Além disso, vale menção honrosa ao
saudoso Bruno Ganz (Juiz Lueben),
fazendo uma participação curta, mas que fala muito.
Entretanto,
apesar da torrente de elogios disseminados nesta crítica, há um elemento que me
incomodou enormemente no filme: uso do vocabulário inglês. O filme traz uma
infinidade de situações em que os personagens falam sua língua local, inclusive
sem a presença de legenda em tais momentos. Porém, os personagens centrais da
trama falam inglês com seus próprios compatriotas, dentro de suas próprias
terras? Ou se põe todos os personagens falando em inglês - e isso não teria
problema algum, haja vista ser uma produção americana – ou põe todos falando a
língua nativa. Agora por línguas mescladas é algo que incomodou assistindo o
filme, mas não tira a beleza da mensagem e da história que nos é posta.
Portanto,
“Uma Vida Oculta” é um filme forte, impactante e atemporal, trazendo uma
mensagem de muita relevância, tanto para os tempos atuais, como para os tempos
que hão de vir.

REFERÊNCIAS

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