

SINOPSE: Doze estranhos acordam numa clareira. Eles não sabem o motivo de estarem ali, nem como chegaram. Tampouco sabem que foram escolhidos para um único propósito: A Caçada, um serviço de caça humana para elites privilegiadas.
AUTOR DO TEXTO: Victor Oliveira
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Assistir “A Caçada” é o exercício de um misto de emoções – vocês compreenderam mais a frente. Inicialmente, somos postos diante de uma narrativa intrigante e bem elaborada, estabelecendo parâmetros e fazendo emanar sensações de desconforto. Além disso, é um filme detentor de um sarcasmo e ironia muito eloquentes – saliente-se: poucos roteiristas no cinema são bons em trabalhar com sarcasmo de forma visceral e que nos faça sorrir de modo desconfortável com tal texto. Nesse sentido, com um tom de thriller angustiante, recheado de diálogos irônicos e cômicos que falam sobre a sociedade norte-americana, o filme consegue, a priori, manter o espectador completamente envolvido com a trama.

Contudo, é uma pena que isso só tenha ocorrido inicialmente, pois, gradativamente, o filme se perde na própria trama. Comumente, os filmes são como bolas de festa sendo enchidas, isto é, os filmes vão enchendo e sendo preenchidos internamente para nos conduzir para o grande ápice proposto pela trama – inclusive, há filmes que suscitam tantos elementos relevantes que “explodem nossas cabeças”, assim como se dá com a bola que é tão enchida que o ar não cabe dentro dela mesma (estes, podemos dizer que são as grandes obras-primas que não são suficientes dentro de si mesmas, extrapolando as barricadas que impedem e são o limite entre o bom e o excepcional). Assim, usando a metáfora da bola, esse filme é como uma bola que começou a ser enchida, mas, de alguma forma, ela não conseguiu encher completamente, ficando com aquele aspecto “triste” de bola enrugada que não conseguiu seu objetivo.
Brincadeiras à parte, isso é o que temos nessa película. Ela faz o inverso da tendência comum de grandes filmes, ou seja, ao invés de ir se robustecendo de elementos que a tornem maior, ela vai perdendo o ar que tinha estabelecido, transformando-se em um belo “Cavalo Paraguaio” – só para manter o jogo de metáforas.
Nessas perspectivas, imaginar e pensar nos elementos fixados no primeiro ato - ainda um pouco trabalhados no segundo ato - e a conclusão da trama, torna a experiência ainda mais torturante do que se o filme já começasse ruim – na verdade, da forma que foi concluída a história, preferia que o filme já tivesse começado trazendo a sensação de desgosto, pelo menos o espectador teria noção do conteúdo que estava consumindo.
Quanto às atuações, não temos nada que extrapole o limite do genérico, sendo um filme mais interessante pela ambientação construída do que pelas atuações em especial. A única coisa que saltou aos olhos, em especial, foi a atuação horrenda de Hillary Swank no filme. Nossa, que personagem caricata – às vezes me pergunto o que aconteceu com aquela atriz que fez Menina de Ouro e Escritores da Liberdade.
Portanto, é um filme que começa com uma força e intensidade excelente, mas que acaba perdendo o norte na própria trama, entregando, ao final, um filme esquecível e desprezível, por ter uma conclusão tão tosca, irritante e insuportável. Assim, fazendo uma breve remissão ao início do texto sobre o misto de emoções, é um filme que faz o espectador sair da alegria, caminhar pela indiferença e encerrar com tristeza – infelizmente.


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