
LANÇAMENTO: 23 de
Fevereiro de 2001
DIRETOR: Kar Wai Wong
ROTEIRO: Kar Wai Wong
ELENCO PRINCIPAL: Tony
Leung; Maggie Cheung...
Chow Mo-Wan (Tony Leung), editor de um jornal, se muda com sua mulher para um novo prédio. Quase ao mesmo tempo, Su Li-Zhen (Maggie Cheung), uma linda secretária, e seu marido, um executivo, também se mudam para o mesmo edifício. Com seus companheiros frequentemente viajando a trabalho, Chow e Li-Zhen passam quase todo tempo juntos, como bons amigos.
AUTORA do TEXTO: Camila Ap. Silva
“Amor
à Flor da Pele” é um
dos filmes da minha vida e, assim sendo, confesso: pensei que seria mais fácil
falar e discorrer sobre o porquê de ele ser tão significativo para mim e sobre
o que, cinematograficamente, o torna esplendido...e aí fico a olhar para a tela
em branco e indago-me: e aí?
Inicialmente, posso dizer que o título, em
inglês, “In the mood for love” traz,
para mim, a perspectiva mais literal do mote narrativo.
Adentrando aos aspectos do filme, temos
uma rotina que nos é apresentada por portas que se abrem, se fecham ou se
mantêm entreabertas. E, através destas, vamos seguindo os diálogos que nos
apresentam Su Li-zhen (Maggie Cheung)
e Chow
Mo-wan (Tony Leung), que nos
levaram para passear por Hong Kong,
nos idos de 1960, e vão nos contar, à sombra das barracas de noodles e ruas desertas à noite, uma história
sobre desejo.
Das locações sempre claustrofóbicas e
agitadas ao refúgio no banco de um táxi, numa noite chuvosa, este casal vai
desenhando um painel multifacetado sobre a natureza das relações entre iguais que
se descobrem envolvidos, circunstancialmente, numa redoma de valores sociais e
morais, em choque com um nascente interesse mútuo. E então surge o
questionamento: o que o torna especial ou
mesmo único, já que a temática não é das mais originais?

Wong Kar-Wai é o homem responsável por tornar uma
mera história sobre encontros casuais e sobre os desvãos da vida, numa peça
única de arte. Assim, da escolha dos protagonistas às composições sonoras
executadas ao longo de cada cena, tudo neste filme evoca no espectador um misto
de sensações, que nos faz ansiar pelo próximo passo ou pelo próximo encontro.
Nesse sentido, o silencio é um personagem que sussurra e que expõe o implícito
na desinência verbal, como diriam os gramáticos.
Além disso, ouso afirmar: Kar-Wai
não faz uma escolha errada. A sintonia é harmônica, mesmo que o distanciamento
e a impossibilidade da concretude do desejo sejam a verdadeira face do roteiro.
Srª. Li-zhen e Sr. Chow surgem em cena de forma
casual, mas marcante, e o figurino, maquiagem e cabelo são os pontos em que o
trabalho ali realizado define as personalidades e imprimem uma marca única
nestes personagens, colocando o espectador no âmago de suas vidas. Aliás, a
fotografia transforma as longas e as oblíquas caminhadas em momentos únicos, sempre
marcados por diálogos mínimos e com o silêncio resvalando no intangível entre
aquelas duas pessoas.

Por fim, a direção de arte demonstra a
vastidão dos sentimentos que florescem, abruptamente, em detalhes mínimos que
explodem na tela, causando uma profusão de sentimentos no espectador.
Vi este filme por conta de uma indicação
de um jornalista, que o viu e amou. Hoje sou eu quem pede para que vocês
concedam uma chance a “Amor à flor da
pele”.
Muito boa as suas considerações, Camila. Um filme memorável.
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