Roteiro: George Meliès; Jules Verne; Adolphe D'Ennery
Elenco: George Meliès; Fernande Albany; Jehanne D'Alcy; May de Lavergne
Sinopse: Em uma temática deslumbrante Meliés leva um grupo de pessoas dentro de uma locomotiva para uma viagem inesquecível.
AUTOR do TEXTO: Eliezer Lugarini
Penso
que, para todos aqueles que são apaixonados pelo cinema, em algum momento ou
outro, dentro de sua caminhada cinéfila, têm a obrigação moral de buscar
informações sobre os primórdios do cinema. Se o primeiro nome fica reservado
para os irmãos Lumière, o segundo objeto
de análise obrigatoriamente cabe à Georges Meliès.
Você
provavelmente conhece, já ouviu falar ou deve ter assistido à “Viagem à Lua” de 1902, um dos maiores
clássicos da história do cinema. Portanto, entendendo que tudo acerca deste
filme belíssimo já tenha sido comentado, como indicação devo sugerir um título
bem menos famoso, mas que possui valor inestimável para aquilo que conhecemos
por cinema hoje em dia.

"Viagem Através do Impossível" é quase uma
extensão do trabalho mais famoso do diretor francês, quando um grupo de
exploradores arquiteta uma expedição ao Sol, sim, somente uma mente alucinada
poderia propor tal projeto, ainda mais, considerando às limitações técnicas e
de recursos da época.
Mélies
exagera em um esmero cenográfico impressionante, onde todos os detalhes são
absurdamente bem pensados, desde maquinários que se mexem sozinhos, foguetes
sendo construídos, trens voadores, submarinos e uma série de detalhes que fazem
do filme um grande espetáculo visual.
Ousado,
o diretor ainda faz questão de colorir o filme, lembrando, em 1904, 35 anos
antes do surgimento do Technicolor. Assim, Meliès pintava à mão todos os frames
de seu filme de 20 minutos de extensão e impressiona demais a qualidade dessa
coloração sem falhas e nem distorções.

Lotado
de efeitos visuais e realizado com excesso de criatividade e imaginação, "Viagem
Através do Impossível" é um marco do cinema, raramente lembrado graças ao
sucesso eterno de "Viagem à Lua", um filme precursor, quando Meliès consegue
compreender que o cinema além de ser um retrato da realidade, pode também ser
fantasia, sonhos e mexer com a imaginação de seus espectadores. Um verdadeiro
monumento.
Excelente.
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