OS INCOMPREENDIDOS (Leia a Resenha)

By | maio 04, 2020 Leave a Comment


LANÇAMENTO: 3 de Junho de 1959 
DIREÇÃO: François Truffaut
ROTEIRO: François Truffaut e Marcel Moussy 
ELENCO: Jean-Pierre Léaud; Claire Maurier; Albert Rémy...
Sinopse: Para o jovem parisiense Antoine Doinel a vida não passa de uma complicação atrás da outra. Cercado por adultos sem consideração, incluindo seus pais que não prestam atenção nele, Antoine passa seus dias com seu melhor amigo, Rene, fazendo planos arriscados para melhorar de vida. Quando um de seus esquemas dá errado, Antoine acaba tendo problemas com a lei e vai ter que enfrentar as autoridades que não simpatizam com ele.

AUTORA DO TEXTO: Thais R. de Freitas

Clássico de Truffaut e da Nouvelle Vague“Os Incompreendidos” é indispensável para qualquer apreciador de filmes, desde cinéfilos mais novos aos mais avançados.  Primeiro de uma série de cinco filmes iniciados com esta produção de 1959, que acompanha o personagem Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud) por diversas fases da vida até 1979, é possível ser colocado como uma obra inspirada em experiências autobiográficas do diretor e também seu alter ego.

          A narrativa da história de vida do adolescente Antoine Doinel mostra um jovem em descompasso com o meio em que vive, seja na inadequação de convivência dentro da escola com uma educação autoritária, nas suas relações tumultuadas em casa com a família ou por ter um espírito estimulado pela liberdade, amante de caminhadas pelas ruas de Paris, ao invés de estar em sala de aula.


Doinel vive a rotina de aulas pelas quais não se ajusta ou se interessa, uma relação de rejeição que resulta em muitos conflitos com a mãe adúltera e o padrasto. Tem o ímpeto de não se submeter ou enquadrar nos moldes padrões da sociedade. Usa da mentira e dissimulação corriqueira. No decorrer da história, passa a praticar diversos delitos junto com seu amigo René (Patrick Auffay). 
  
Ainda assim, com todo este perfil, é difícil não se envolver emocionalmente. A história nos insere de maneira que leva o telespectador até o sentimento de compaixão. De tal forma que você se compadece das etapas de construção daquele futuro adulto. Doinel busca ações de atenção em cada ação realizada. Tudo isso, fruto de seu sentimento de rejeição, desmerecimento e com anseio por seu lugar no mundo. É incompreendido. Demonstra um perfil solitário, carente de afeto e à mercê da própria sorte do início ao fim. Esse combo de características culmina com seu flerte com a marginalidade, cometendo pequenos delitos que são reflexos de seus deslizes. Como todo jovem em descoberta, por muitas vezes, mostra como está perdido.


É interessante o uso de referências a Balzac em certo ponto na história de Antoine. O jovem chega a usar uma imagem do escritor como este fosse um santo. Nesta passagem, o menino reza para conseguir melhor desempenho escolar, no episódio em que a mãe lhe promete uma recompensa, caso atingisse as melhores notas de redação na sala de aula.  

Referenciado por nomes como Coppola, Scorsese e Kurosawa, Truffaut entrega uma película de uma beleza estética fotográfica encantadora. A captura das cenas em preto e branco entrega um tipo de realismo, que mesmo anos, décadas depois, podemos apreciar a beleza da amada cidade de Paris, sem sentir o envelhecimento das imagens. O emprego de narrativa linear e perspectiva de câmera panorâmica conduz o acompanhamento do enredo através da perspectiva a partir do jovem.

O trabalho exemplar do jovem ator Jean-Pierre Léaud o tornou um dos maiores nomes do cinema francês, devido ao excelente desempenho neste filme, garantindo sua presença em todos os outros filmes desenvolvidos pelo diretor sobre o mesmo personagem.

O final da película é um convite ao nosso auto despertar, uma solidão que aponta o futuro à frente. Um convite ao desconhecido que está sempre presente em novos horizontes e começos que necessitam de coragem para se trilhar. Todo este peso e responsabilidade embutidos na vida de um adolescente de 14 anos. Um deleite de um fabuloso cinema a se apreciar.

Os outros filmes que dão continuidade sobre a história de Antoine Doinel:

L’amour à 20ans
O Amor aos 20 Anos
França, 1962
Drama/Romance

Baisers Volés
Beijos Proibidos
França, 1968
Comédia/ Drama

Domicile Conjugal
Domicílio Conjugal
França/ Itália, 1970
Drama

L’amour en Fuite
O Amor em Fuga
França, 1979
Drama

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