A CASA ASSOMBRADA

By | junho 16, 2020 Leave a Comment


LANÇAMENTO: 1908
DIRETOR: Segundo de Chomòn.
ROTEIRO: Segundo de Chomòn




SINOPSE: Três personagens em uma casa assombrada durante uma tempestade.

AUTOR do TEXTO: Eliezer Lugarini

Nada se cria, tudo se copia! É uma expressão que vale diariamente na produção cinematográfica. Nós, como amantes do cinema, tendemos a acreditar que a cópia ou a recriação são, de certa forma, um produto de menor valor de mercado, uma vez que a busca pela originalidade e pela criatividade é fator essencial ao julgamento de um cinéfilo ou mesmo de um crítico.

Esta é uma verdade praticamente irrefutável, todavia - lá nos primórdios do cinema - surgia um mágico que mudaria o mundo para sempre: Georges Mèliés, quando descobriu acidentalmente o corte, acreditava que o cinema era a ferramenta mais apropriada para que seus truques de mágica funcionassem; notou assim que era possível fazer corpos desaparecerem. E, com isso, uma série de outras infinitas possibilidades surgiriam.  Mèliés fez de tudo que se possa imaginar em termos de efeitos especiais - chamou tanta atenção que muitos se perguntavam: como diabos ele fazia aquilo?

Nesse cenário, surge o espanhol Segundo de Chomòn, um mero recriador daquilo que Mélies fazia, ao menos em seu início. Mèliés fazia um corpo desaparecer, Chomòn o copiava; Mèliés explodia um ser humano, Chomòn o seguia; se um coloria seus filmes o outro fazia o mesmo. O sentimento que movia Chomòn é talvez o mais puro, com relação à arte de se fazer cinema. Nada mais simples do que: Isso eu também posso fazer




É certo que, se Chomòn se mantivesse exclusivamente como um mero copiador do trabalho de Mèliés, seu nome jamais seria lembrado, tanto que em 1908 Chomòn apresenta o filme alvo desta indicação “La Maison Ensorlacèe” ou “A Casa Assombrada” - um pequeno conto de pouco mais de 5 minutos que retrata a chegada de um grupo de pessoas a uma casa de campo. Este filme é o marco inicial para o que se conhece hoje em dia por Stop-Motion de objetos inanimados, juntamente com O Hotel Elétrico - também de sua autoria. Chomòn recriou, entre outras, a cena em que o café da manhã é preparado por um fantasma, ou seja, os objetos se moviam sozinhos através de fotografias que geravam a ilusão de movimento. O trabalho meticuloso de Chomòn impressiona até hoje.




Chomòn - o cara que copiava - idealizou um recurso que influenciaria o cinema por quase toda a sua existência e que, ouso dizer, jamais será descartado pela indústria do cinema enquanto o próprio existir.

A moral da história é: Mesmo da cópia pode surgir algo duradouro, original e relevante. Portanto, cinéfilo, nunca descarte de cara uma boa cópia

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