DIRETOR: Segundo de Chomòn.
ROTEIRO: Segundo de Chomòn
SINOPSE: Três personagens em uma casa assombrada durante uma tempestade.
AUTOR do TEXTO: Eliezer Lugarini
Nada se cria, tudo se copia! É uma expressão que vale diariamente na
produção cinematográfica. Nós, como amantes do cinema, tendemos a acreditar que
a cópia ou a recriação são, de certa forma, um produto de menor valor de
mercado, uma vez que a busca pela originalidade e pela criatividade é fator
essencial ao julgamento de um cinéfilo ou mesmo de um crítico.
Esta é uma verdade praticamente
irrefutável, todavia - lá nos primórdios do cinema - surgia um mágico que mudaria
o mundo para sempre: Georges Mèliés, quando
descobriu acidentalmente o corte, acreditava que o cinema era a ferramenta mais
apropriada para que seus truques de mágica funcionassem; notou assim que era
possível fazer corpos desaparecerem. E, com isso, uma série de outras infinitas
possibilidades surgiriam. Mèliés fez de
tudo que se possa imaginar em termos de efeitos especiais - chamou tanta atenção que muitos se
perguntavam: como diabos ele fazia aquilo?
Nesse cenário, surge o espanhol Segundo
de Chomòn, um mero recriador daquilo que Mélies fazia, ao menos em
seu início. Mèliés fazia um corpo desaparecer, Chomòn o copiava; Mèliés
explodia um ser humano, Chomòn o seguia; se um coloria seus
filmes o outro fazia o mesmo. O sentimento que movia Chomòn é talvez o mais
puro, com relação à arte de se fazer cinema. Nada mais simples do que: Isso
eu também posso fazer.

É certo que, se Chomòn se mantivesse
exclusivamente como um mero copiador do trabalho de Mèliés, seu nome jamais
seria lembrado, tanto que em 1908 Chomòn apresenta o filme alvo desta
indicação “La Maison Ensorlacèe” ou “A Casa Assombrada”
- um pequeno conto de pouco mais de 5
minutos que retrata a chegada de um grupo de pessoas a uma casa de campo.
Este filme é o marco inicial para o que se conhece hoje em dia por Stop-Motion
de objetos inanimados, juntamente com O Hotel Elétrico - também de sua autoria. Chomòn
recriou, entre outras, a cena em que o café da manhã é preparado por um
fantasma, ou seja, os objetos se moviam sozinhos através de fotografias que
geravam a ilusão de movimento. O trabalho meticuloso de Chomòn impressiona até
hoje.
Chomòn - o
cara que copiava - idealizou um recurso que influenciaria o cinema por
quase toda a sua existência e que, ouso dizer, jamais será descartado pela
indústria do cinema enquanto o próprio existir.
A moral da história
é: Mesmo da cópia pode surgir algo duradouro, original e relevante. Portanto,
cinéfilo, nunca descarte de cara uma boa cópia.
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