
LANÇAMENTO:
1975
DIREÇÃO:
Akira Kurosawa
ROTEIRO:
Akira Kurosawa; Vladimir Arsenyev e Yuri Nargibin
ELENCO:
Maksim Munzuk, Yuri Solomin, Svetlana Danilchenko...
SINOPSE: Drama contemplativo realizado por Kurosawa quando
exilado do Japão. A Rússia financiou a história, passada no fim do século 19,
que narra a aventura de um explorador e cartógrafo russo na Sibéria, onde
pretende mapear toda a região. Para isso conta com ajuda de caçador mongol.
AUTORA do TEXTO:
Nana Pelissari
Baseada no livro autobiográfico do explorador
russo Vladimir Arsenyev, a obra do renomado cineasta japonês Akira
Kurosawa, contemplada com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1976,
vem a somar diversidade à carreira do diretor já aclamado e, até então, conhecido
por retratar a época feudal japonesa no seu cinema. Assim, “Dersu Uzala” marca a carreira de Kurosawa por ser o primeiro filme
falado em língua não japonesa, pois é falado integralmente em russo, e o único
filmado fora do país, sendo quase todo rodado em locação, no leste da antiga
União Soviética. É também o trabalho que marca a retomada do diretor, após se
desgastar numa empreitada em um projeto americano. Na parceria com a soviética
Mosfilm, que lhe concedeu liberdade artística na adaptação de uma obra da
literatura russa a sua escolha, o diretor resgata o apreço ao mundo cinéfilo e se
consolida como um dos maiores do cinema.

Pautada em dois personagens, apresenta poucos, porém fortes
diálogos. Conta o encontro, a aventura e a amizade do explorador russo e o
caçador mongol - que o auxilia na sua empreitada
pela região da Sibéria. Duas pessoas distintas nas suas origens,
conhecimentos e habilidades, que traçam uma bonita e humana trajetória juntos.
Personagens carismáticos, é impossível não se deixar cativar pela nobreza de
Dersu, unidos por laços edificantes.
No início, somos apresentados a Arsenyev,
o russo chega à região com a finalidade de visitar a sepultura do amigo mongol,
mas o tempo trouxe mudanças e o que já foi uma clareira na floresta siberiana
dá origem a construção de uma nova vila. Deste ponto, retrocedemos através de
um flashback e somos levados ao
antigo cenário onde, por volta do ano de 1902, se inicia a poderosa história
baseada em fatos reais.

Esteticamente belo, o filme se desenvolve num ritmo
contemplativo, desenrolando uma história densamente carregada de reflexão e
sentimento. Rica em sensibilidade e lirismo, declama mensagens profundamente
filosóficas que tangem a perseverança e a superação, fala sobre generosidade,
amizade, diferenças, aprendizado, respeito e a relação do homem com a natureza.
Natureza essa que não é apenas pano de fundo para a trama, explorada em
magníficos cenários e através de uma fotografia surpreendente, mas que também é
protagonista.
Hostil e necessária, a obra esculpe de maneira literal o significado de
Ecologia. Uma obra prima que deve ser conhecida e contemplada.
0 comentários: