DERSU UZALA

By | junho 22, 2020 Leave a Comment


LANÇAMENTO: 1975
DIREÇÃO: Akira Kurosawa
ROTEIRO: Akira Kurosawa; Vladimir Arsenyev e Yuri Nargibin
ELENCO: Maksim Munzuk, Yuri Solomin, Svetlana Danilchenko...


SINOPSE: Drama contemplativo realizado por Kurosawa quando exilado do Japão. A Rússia financiou a história, passada no fim do século 19, que narra a aventura de um explorador e cartógrafo russo na Sibéria, onde pretende mapear toda a região. Para isso conta com ajuda de caçador mongol.

AUTORA do TEXTO: Nana Pelissari

            Baseada no livro autobiográfico do explorador russo Vladimir Arsenyev, a obra do renomado cineasta japonês Akira Kurosawa, contemplada com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1976, vem a somar diversidade à carreira do diretor já aclamado e, até então, conhecido por retratar a época feudal japonesa no seu cinema. Assim, “Dersu Uzala” marca a carreira de Kurosawa por ser o primeiro filme falado em língua não japonesa, pois é falado integralmente em russo, e o único filmado fora do país, sendo quase todo rodado em locação, no leste da antiga União Soviética. É também o trabalho que marca a retomada do diretor, após se desgastar numa empreitada em um projeto americano. Na parceria com a soviética Mosfilm, que lhe concedeu liberdade artística na adaptação de uma obra da literatura russa a sua escolha, o diretor resgata o apreço ao mundo cinéfilo e se consolida como um dos maiores do cinema.




Pautada em dois personagens, apresenta poucos, porém fortes diálogos. Conta o encontro, a aventura e a amizade do explorador russo e o caçador mongol - que o auxilia na sua empreitada pela região da Sibéria. Duas pessoas distintas nas suas origens, conhecimentos e habilidades, que traçam uma bonita e humana trajetória juntos. Personagens carismáticos, é impossível não se deixar cativar pela nobreza de Dersu, unidos por laços edificantes.

No início, somos apresentados a Arsenyev, o russo chega à região com a finalidade de visitar a sepultura do amigo mongol, mas o tempo trouxe mudanças e o que já foi uma clareira na floresta siberiana dá origem a construção de uma nova vila. Deste ponto, retrocedemos através de um flashback e somos levados ao antigo cenário onde, por volta do ano de 1902, se inicia a poderosa história baseada em fatos reais.




Esteticamente belo, o filme se desenvolve num ritmo contemplativo, desenrolando uma história densamente carregada de reflexão e sentimento. Rica em sensibilidade e lirismo, declama mensagens profundamente filosóficas que tangem a perseverança e a superação, fala sobre generosidade, amizade, diferenças, aprendizado, respeito e a relação do homem com a natureza. Natureza essa que não é apenas pano de fundo para a trama, explorada em magníficos cenários e através de uma fotografia surpreendente, mas que também é protagonista.

Hostil e necessária, a obra esculpe de maneira literal o significado de Ecologia. Uma obra prima que deve ser conhecida e contemplada.



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