O HOMEM MOSCA

By | junho 30, 2020 Leave a Comment


LANÇAMENTO: 1 de abril de 1923
DIRETOR: Fred C. Newmeyer e Sam Taylor
ROTEIRO: Hal Roach e Sam Taylor
ELENCO: Harold Lloyd, Mildred Davis, Bill Strother...



SINOPSE: Um garoto do interior vive grandes confusões morando na cidade grande, a ponto de ficar pendurado em um relógio nas alturas.

AUTOR do TEXTO: Eliezer Lugarini

Existem ao menos duas coisas na face da terra que me causam genuíno pavor, a primeira é causada por instinto primitivo e a segunda por raiva, injustificável, porém autêntica raiva. A primeira se trata de vertigem, erroneamente chamada de “Medinho de Altura”, insisto terminantemente que “Medinho de Altura” é preconceito e, portanto, para quaisquer efeitos, sofro de doença aguda da vertigem. A segunda é apenas uma constatação de que o público geral de cinema tem aversão ao antigo, ao filme velho, ao preto e branco. Assim, tem gente que prefere pular de uma ponte e que trata filme mudo como uma provação divina ou sessão de tortura medieval. Ambas a situações me causam aflição. 

Optei pela indicação de “O Homem Mosca”, exatamente por ser um filme que mexe exatamente com estes dois sentimentos que compartilhei acima. Filme mudo de 1923, estrelado por Harold Lloyd, figura pouquíssimo conhecida, até mesmo para aqueles que se interessam pelo cinema como estudo histórico. Harold é considerado por muitos o terceiro comediante da era muda, atrás obviamente de Chaplin e Keaton, e esta posição faz realmente jus ao seu trabalho - Harold não era um gênio como os supracitados, mas seus trabalhos são marcados por uma doce inocência e carisma indiscutíveis. Seus filmes são divertidos, engraçados, românticos e com um “timing” impecável. Além disso, por incrível que pareça, a maioria de seus filmes não são dirigidos por ele, porém o reconhecimento das obras é sempre feito para o ator como figura decisiva no processo criativo.


“O Homem Mosca” narra a simples historieta de um rapaz que se muda para a capital em busca de riqueza, enquanto seu par romântico aguarda ansiosamente o sucesso do rapaz. Como forma de publicidade para loja de roupas que trabalha, Harold promove um evento de escalada ao prédio da loja – escalada esta raiz, que fique claro: na mão, nada de cabos de segurança e presilhas.


Na seqüência da escalada, Harold Lloyd consegue escrever e eternizar seu nome na história do cinema. São 30 mágicos minutos de uma seqüência nunca vista antes na história do cinema e que, possivelmente, jamais será igualada. Aflição e comédia se misturam na escalada de Harold pelo prédio, enquanto vários obstáculos devem ser transpostos, culminando na cena em que Harold se pendura pelo ponteiro do relógio que está prestes a cair. Os truques de câmera são perceptíveis, ao mesmo passo que uma ou outra tomada parecem de fato retratar a realidade.

Se você, por ventura, é um daqueles dos quais eu tenho pavor por ignorar o antigo, dê uma chance a “O Homem Mosca”, pois não tenho dúvidas que sua visão para o cinema antigo fatalmente mudará para melhor. Se você, como eu, sofre de vertigem, sinto lhe informar que, com ou sem “O Homem Mosca”, a verdade imutável é que teu “Medinho de Altura” é e sempre será eterno.
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