
LANÇAMENTO: 1 de abril de 1923
DIRETOR: Fred C. Newmeyer e Sam Taylor
ROTEIRO: Hal Roach e Sam Taylor
ELENCO: Harold
Lloyd, Mildred Davis, Bill Strother...
SINOPSE: Um garoto do interior vive grandes confusões morando na cidade grande, a ponto de ficar pendurado em um relógio nas alturas.
AUTOR do TEXTO: Eliezer Lugarini
Existem ao menos duas coisas na face da
terra que me causam genuíno pavor, a primeira é causada por instinto primitivo
e a segunda por raiva, injustificável, porém autêntica raiva. A primeira se
trata de vertigem, erroneamente chamada de “Medinho
de Altura”, insisto terminantemente que “Medinho
de Altura” é preconceito e, portanto, para quaisquer efeitos, sofro de
doença aguda da vertigem. A segunda é apenas uma constatação de que o público
geral de cinema tem aversão ao antigo, ao filme velho, ao preto e branco. Assim,
tem gente que prefere pular de uma ponte e que trata filme mudo como uma
provação divina ou sessão de tortura medieval. Ambas a situações me causam
aflição.
Optei pela indicação de “O Homem Mosca”, exatamente por ser um
filme que mexe exatamente com estes dois sentimentos que compartilhei acima.
Filme mudo de 1923, estrelado por Harold Lloyd, figura pouquíssimo
conhecida, até mesmo para aqueles que se interessam pelo cinema como estudo histórico.
Harold
é considerado por muitos o terceiro comediante da era muda, atrás obviamente de
Chaplin
e Keaton,
e esta posição faz realmente jus ao seu trabalho - Harold não era um gênio como os supracitados, mas seus trabalhos são
marcados por uma doce inocência e carisma indiscutíveis. Seus filmes são
divertidos, engraçados, românticos e com um “timing”
impecável. Além disso, por incrível que pareça, a maioria de seus filmes não
são dirigidos por ele, porém o reconhecimento das obras é sempre feito para o
ator como figura decisiva no processo criativo.

“O
Homem Mosca” narra a
simples historieta de um rapaz que se muda para a capital em busca de riqueza, enquanto
seu par romântico aguarda ansiosamente o sucesso do rapaz. Como forma de
publicidade para loja de roupas que trabalha, Harold promove um evento
de escalada ao prédio da loja – escalada esta
raiz, que fique claro: na mão, nada de cabos de segurança e presilhas.

Na seqüência da escalada, Harold
Lloyd consegue escrever e eternizar seu nome na história do cinema. São
30 mágicos minutos de uma seqüência nunca vista antes na história do cinema e que, possivelmente, jamais será igualada. Aflição e comédia se misturam na escalada de Harold
pelo prédio, enquanto vários obstáculos devem ser transpostos, culminando na
cena em que Harold se pendura pelo ponteiro do relógio que está prestes a
cair. Os truques de câmera são perceptíveis, ao mesmo passo que uma ou outra
tomada parecem de fato retratar a realidade.
Se você, por ventura,
é um daqueles dos quais eu tenho pavor por ignorar o antigo, dê uma chance a “O Homem Mosca”, pois não tenho dúvidas
que sua visão para o cinema antigo fatalmente mudará para melhor. Se você, como
eu, sofre de vertigem, sinto lhe informar que, com ou sem “O Homem Mosca”, a verdade imutável é que teu “Medinho de Altura” é e sempre será eterno.
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