RESGATE

By | junho 18, 2020 Leave a Comment

LANÇAMENTO: 24 de abril de 2020
DIRETOR: Sam Hargrave
ROTEIRO: Anthony Russo e Joe Russo.
ELENCO: Chris Hemsworth, Rudhraksh Jaiswal, Randeep Hooda…



SINOPSE: A difícil missão deste mercenário vira uma transformadora luta pela vida quando ele é enviado a Bangladesh para resgatar o filho sequestrado de um chefão do crime.

AUTOR do TEXTO: Eliezer Lugarini

“Resgate” nasce e é concebido como uma proposta de ser um filme de gênero, um filme de ação. E de fato ele o é, mas se você quiser eventualmente classificá-lo como comédia pastelão ninguém irá crucificá-lo, salvo um ou outro desavisado de plantão. Para tal, vou encarar minha crítica de forma bem-humorada e leve.

Somos apresentados ao personagem principal, chamá-lo-emos de Moleque do Quem Quer Ser um Milionário - até porque não captei o nome dos personagens, não os decorei e tampouco são relevantes neste momento. Talvez minha nomenclatura seja genérica, confesso, todavia não existe mais nada a se saber sobre este personagem, exceto sua origem indiana e que o “moleque” é sequestrado por um traficante de Bangladesh (chegaremos nele mais adiante). Assim chegamos ao pai, um chefe do narcotráfico indiano preso que pede, ou melhor, exige truculentamente, o auxílio de Sidnei Magal da fase das calcinhas no resgate de seu filho amado.

Corte seco e estamos com o nosso protagonista herói, bonito, lindo, gostosão e me engravida Thor dos Vingadores (Chris Hemsworth). Thor, já de saída, dá um salto de uns 300 metros de altura de uma rocha e cai na água sentado em meditação, uma cena fabulosamente realista. Por quê? Porque sim, oras.  Cabe sabermos que Thor é um mercenário que deseja “resseqüestrar” o moleque milionário e pedir o valor de resgate para o pai - o presidiário narcotraficante indiano -, mas para isso ele precisa roubar o moleque milionário das mãos do nosso próximo personagem: Fiuk, o filho perdido de Fábio Junior em Bangladesh, um mafioso daqueles brutais que é maldoso por natureza e corta dedos à toa. Nesta mesma cena conhecemos seu braço direito, que chamarei de Sidnei Magal da fase cocaína, um personagem completamente desnecessário, todavia resolvi citá-lo por sua beleza estética. Além disso, conheceremos o pessoal da caixa baixa da Cidade de Deus, grupo de minibandidos liderados pelo Cara da Cicatriz - um rapaz um pouco mais relevante para a trama (não muito), um jovem delator que faz de tudo para ascender rapidamente na gang de Fiuk, o mafioso cortador de dedos; mal sabe ele, tolo, que terá seus dedos cortados.




Thor, o “gostosão das galáxias”, consegue roubar o moleque milionário ao matar 75 bandidos na mão, na faca e eventualmente na arma, mas logo se depara com toda a polícia da cidade de Daca, comandada por Fiuk de Bangladesh. O que Thor faz? Mata toda a polícia na mão, na faca e na arma, mais uns 300 para fita maluco. Infelizmente para Thor, neste momento, surge Sidnei Magal (o da fase calcinha) tentando roubar o moleque milionário de Thor. Ambos travam uma batalha genial, mas é Thor quem fica com o garoto, e Sidnei Magal tem seu nariz quebrado, consertando-o em um ajuste manual mesmo.

Thor descobre que não há dinheiro por parte do pai. Logo, Thor - um homem de bom coração, o nosso mercenário herói - não permite que o moleque milionário seja revendido por uma bolada para Fiuk de Bangladesh novamente. Você pode se perguntar por que após matar 3 milhões de pessoas Thor protegeria o garoto? Porque sim, oras, é a resposta que ele mesmo fornece quando questionado. De certa forma entendemos que ele se afeiçoou ao menino e, assim, sua função agora é salvá-lo juntando forças com seu arqui-inimigo Sidnei Magal das Calcinhas e mais alguns de seus amiguinhos que nem valem a menção.



Com todo respeito que tenho a esta trama tão estapafúrdia quanto à sinopse que acabei de conceber e, agora, escrevendo com o mínimo de seriedade, confesso que o filme funciona, e isso se deve muito ao fato de que as cenas de perseguição são bem arquitetadas - Sam Hargrave, o diretor, faz uma série de “travellings” bem pensados que culmina em um plano-sequência daqueles monumentais, no primeiro resgate, e ainda demonstra uma estética que remete muito aos jogos de vídeo-game de tiro, não me considero um conhecedor do assunto, mas esses joguinhos aí tipo o Doom. O tratamento visual das imagens também é muito decente, ainda que de resto, em termos de trilha sonora, montagem, direção de arte e atuações, nada salte aos olhos ou seja minimamente fora do padrão do gênero.

Se você não levar muito sério a trama, ignorar uma série de bobagens típicas do “mainstream”, relativizar o fato de que nenhuma personagem tem o mínimo de profundidade psicológica, desconsiderar todos os clichês e o exagero desenfreado do super-heroísmo padrão, “Resgate” até se torna um exercício empolgante e frenético que possivelmente prenderá sua atenção até o final, talvez te tire um ou outro suspiro pela beleza do deus grego Chris Hemsworth, ou talvez te tire uma ou outra gargalhada pela falta completa de lógica e realismo. Foi exatamente o que houve comigo, exceto os suspiros pelo Thor que deixei para minha encarecida e safada esposa.

Observação inútil do autor:

 - O título em português não chega a ser aquela aberração de anos anteriores como “O Culpado Era o Marido”, mas “Extração” seria mais condizente e apropriado. 



REFERÊNCIAS



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