SONO DE INVERNO

By | junho 01, 2020 Leave a Comment


LANÇAMENTO: 30 de abril de 2015
DIRETOR: Nuri Bilge Ceylan
ROTEIRO: Nuri Bilge Ceylan e Ebru Ceylan
ELENCO: Haluk Bilginer; Melisa Sozen; Demet Akbag...



SINOPSE: Aydin, um ex-ator, opera um pequeno hotel em Anatólia, uma região da Capadócia, com sua jovem esposa Nihal, com quem tem um relacionamento tempestuoso. Ele conta com a ajuda da irmã Necla, que tenta superar um divórcio recente. No inverno, quando a neve começa a cair, o hotel se transforma em um abrigo, mas também em um lugar de onde não se pode escapar. É quando os conflitos se intensificam.

AUTOR DO TEXTO: Victor Oliveira
INSTAGRAM: https://www.instagram.com/victoroliveira_32/

“Sono de Inverno” é um filme para por o espectador em confronto com sua personalidade, seu ponto de vista, sua medida de tolerância, seus questionamentos sobre a vida e suas verdades internamente absolutas – não passam de verdades sociais intrínsecas que não preenchem as lacunas que o mundo sugere. Assim, assistir a este filme é um exercício psicossocial interno, pondo em conflito as nossas concepções e abstrações do externo com as variações de conceito decorrentes dele.




Nesse sentido, o filme, essencialmente, de modo direto ou indireto, expõe que as experiências sociais, familiares, educacionais e culturais nos induzem a construir uma visão de mundo concreta e intolerante, excluindo todos os elementos extrínsecos e divergentes decorrentes da equação da vida sociocultural, o que não nos permite pensar que possuímos apenas um ponto de vista dentro de uma imensidão de pontos.

Assim sendo, o diretor Nuri Bilge Ceylan, com seu estilo de direção natural e deslumbrantemente humano, nos põe diante da situação e das questões conflitantes que surgem entre Aydin, Nihal e Necla. Na verdade, é como se estivéssemos presentes, de alguma forma, diante das situações embaraçosas e corriqueiras das vidas humanas ali expostas, ou na pele dos personagens, conflitando nossas próprias idiossincrasias com as deles. Logo, o estilo do diretor de praticamente excluir o uso de trilha sonora e de nos deixar vislumbrando situações rotineiras da vida com um silêncio “ensurdecedor” - apenas observando os personagens por um tempo -, torna a ambientação e a experiência de assisti-lo categoricamente naturalista e antropológica.




Ademais, estruturando um filme da forma dita, para preencher os elementos que tornariam esse filme excepcional, seriam essenciais diálogos densos, extensos e contraditórios entre si, para que formássemos questionamentos humanos naturais, fazendo-nos pensar incessantemente nas diversas peculiaridades advindas daquelas relações humanas, e atuações de outro nível - e isso ocorre com um sucesso estrondoso.

Como se não bastasse tantas qualidades, o filme utiliza metaforicamente as estações temporais e, consequentemente, a paleta de cores para explicitar os sentimentos dos personagens que estão expostos diante de tais conflitos, iniciando em tons mais amarelados e partindo, gradativamente, para algo mais acinzentado e azul escuro.

Portanto, assistir este filme foi paixão à primeira vista, sentindo todos os conflitos internos dos personagens como, dentro das minhas particularidades de pensamento, meus, fazendo-nos perceber que não temos “O PONTO DE VISTA, mas, sim e apenas, “A VISTA DE UM PONTO”


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