

LANÇAMENTO: 30 de abril de 2015
DIRETOR:
Nuri Bilge Ceylan
ROTEIRO:
Nuri Bilge Ceylan e Ebru Ceylan
ELENCO:
Haluk Bilginer; Melisa Sozen; Demet Akbag...
SINOPSE: Aydin,
um ex-ator, opera um pequeno hotel em Anatólia, uma região da Capadócia, com
sua jovem esposa Nihal, com quem tem um relacionamento tempestuoso. Ele conta
com a ajuda da irmã Necla, que tenta superar um divórcio recente. No inverno,
quando a neve começa a cair, o hotel se transforma em um abrigo, mas também em
um lugar de onde não se pode escapar. É quando os conflitos se intensificam.
AUTOR DO TEXTO: Victor Oliveira
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“Sono de Inverno” é um filme para por o espectador em confronto
com sua personalidade, seu ponto de vista, sua medida de tolerância, seus questionamentos
sobre a vida e suas verdades internamente absolutas – não passam de verdades sociais intrínsecas que não preenchem as lacunas
que o mundo sugere. Assim, assistir a este filme é um exercício psicossocial
interno, pondo em conflito as nossas concepções e abstrações do externo com as
variações de conceito decorrentes dele.

Nesse sentido, o filme,
essencialmente, de modo direto ou indireto, expõe que as experiências sociais,
familiares, educacionais e culturais nos induzem a construir uma visão de mundo
concreta e intolerante, excluindo todos os elementos extrínsecos e divergentes
decorrentes da equação da vida sociocultural, o que não nos permite pensar que
possuímos apenas um ponto de vista dentro de uma imensidão de pontos.
Assim sendo, o diretor Nuri
Bilge Ceylan, com seu estilo de direção natural e deslumbrantemente
humano, nos põe diante da situação e das questões conflitantes que surgem entre
Aydin, Nihal e Necla. Na verdade, é
como se estivéssemos presentes, de alguma forma, diante das situações
embaraçosas e corriqueiras das vidas humanas ali expostas, ou na pele dos
personagens, conflitando nossas próprias idiossincrasias com as deles. Logo, o
estilo do diretor de praticamente excluir o uso de trilha sonora e de nos
deixar vislumbrando situações rotineiras da vida com um silêncio “ensurdecedor” - apenas observando os personagens por um tempo -, torna a
ambientação e a experiência de assisti-lo categoricamente naturalista e
antropológica.

Ademais, estruturando
um filme da forma dita, para preencher os elementos que tornariam esse filme
excepcional, seriam essenciais diálogos densos, extensos e contraditórios entre
si, para que formássemos questionamentos humanos naturais, fazendo-nos pensar
incessantemente nas diversas peculiaridades advindas daquelas relações humanas,
e atuações de outro nível - e isso ocorre
com um sucesso estrondoso.
Como se não bastasse
tantas qualidades, o filme utiliza metaforicamente as estações temporais e,
consequentemente, a paleta de cores para explicitar os sentimentos dos
personagens que estão expostos diante de tais conflitos, iniciando em tons mais
amarelados e partindo, gradativamente, para algo mais acinzentado e azul
escuro.
Portanto, assistir
este filme foi paixão à primeira vista, sentindo todos os conflitos internos
dos personagens como, dentro das minhas particularidades de pensamento, meus,
fazendo-nos perceber que não temos “O PONTO DE VISTA”, mas, sim e apenas, “A
VISTA DE UM PONTO”.
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