

LANCAMENTO: 23 de setembro de 1927
DIREÇÃO: F. W. Murnau
ROTEIRO: Carl Mayer; Hermann Sudermann; H.H. Caldwell e Katherine Hilliker
ELENCO: George O'Brien; Janet Gaynor; Margaret Livingstone...
SINOPSE: Seduzido por uma moça da cidade, um fazendeiro tenta afogar sua mulher, mas desiste no último momento. Esta foge para a cidade, mas ele a segue para provar o seu amor.
AUTORA do TEXTO: Nana Pelissari
Premiado com 3 Oscars em 1929, o primeiro longa-metragem do diretor alemão F. W. Murnau para Hollywood, foi pioneiro e constituiu um marco na história do cinema, por suas inovações técnicas e seu caráter artístico. Com roteiro adaptado do conto “A Viagem a Tilsit”, do escritor Herman Suderman, a película une a estética dos filmes do expressionismo alemão às grandes produções americanas, revolucionando a forma de se fazer cinema.

Usando a iluminação contrastante do jogo de luz e sombras expressionista, ousando na movimentação de câmera, até então pouco explorada, e valendo-se da captação do som ambiente, cuja técnica estava sendo desenvolvida na época, se consolidou sendo o primeiro grande filme a apresentar trilha sonora reunindo som gravado ao captado no ambiente, sem diálogos, mas compondo uma enorme evolução. Foi dada a Murnau plena liberdade criativa, desde a escolha do projeto, inspirado na literatura alemã, deixando o diretor à frente de todas as etapas de produção e oferecendo todo apoio financeiro necessário. “Aurora” entrega um drama que tange gêneros e narrativas, encontrando, na atmosfera sombria do expressionismo, a tensão para as cenas que flertam com o suspense e o horror, e, na melodramaticidade, a retratação dos sentimentos e as emoções humanas.
Carregando no título a essência do que o filme deseja passar, o amanhecer traz a possibilidade de um novo começo. Na trama, um pequeno vilarejo bucólico recebe visitantes durante o verão, entre eles uma mulher que se torna amante de um fazendeiro local. Tomado pelo furor da novidade, o interiorano deixa-se influenciar pela nova paixão e juntos decidem tirar a vida da sua esposa, forjando um acidente, vender a fazenda e se mudar para a cidade. Porém, no momento planejado para a morte, ele se arrepende diante do pavor provocado. Ela foge e ele vai atrás, o que leva os dois a parar na cidade grande, onde vivenciam momentos reconciliadores que os embalam até o desfecho redentor e promessa de recomeço.

Encontramos representados no decorrer da obra elementos divergentes, o contraste entre o campo e a cidade, a pureza e a astúcia, a tranquilidade e a inquietação, o bem e o mal, possuindo ainda atos distintos que podem soar destoantes, porém conectados com grande sensibilidade. A presença de valores cristãos em algumas escolhas, como na cena da cerimônia na igreja que comove o casal, ou na aparência simplista dessa dicotomia, mas é um filme bastante refinado e complexo, merecedor de todo o reconhecimento que tem.
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