UM BARCO E NOVE DESTINOS

By | julho 13, 2020 Leave a Comment
LANÇAMENTO: 28 de janeiro de 1944
DIREÇÃO: Alfred Hitchcock
ROTEIRO: Alfred Hitchcock; Ben Hecht; John Steinbeck; o Swerling
ELENCO: Heather Angel; Mary Anderson; Henry Hull; John Hodiak...

SINOPSE: Durante a Segunda Guerra Mundial no Atlântico, um navio e um barco alemão se envolvem em um combate e ambos naufragam, mas existem alguns sobreviventes que vão para um dos botes. No entanto, eles têm diferentes origens e propósitos, mas surge o pomo da discórdia quando um dos sobreviventes se revela um nazista.

AUTOR DO TEXTO: Victor Oliveira

Ao acompanhar minuciosamente a filmografia de Hitchcock, posso dizer que este filme é um dos mais antropológicos do diretor. Além disso,  deixa a sensação de que estamos diante de um dos melhores textos de sua filmografia. 


Assim sendo, pondo o elemento suspense em segundo plano - mas ainda presente -, o diretor tem como finalidade precípua desenvolver as idiossincrasias e a evolução natural dos personagens, em razão das circunstâncias em que estão presentes. Nessa perspectiva, como já é corriqueiro em seus filmes, Hitchcock se utiliza de ironias com uma perspicácia e sagacidade que lhe é natural, expondo sobremaneira a sua opinião sobre o regime nazista - inclusive, em muitos momentos, com arquétipos maniqueístas sobre pessoas adeptas do Nazismo.

Por esse contexto, ao terminar o filme, a sensação que fica é da necessidade de reassisti-lo, pois traz uma riqueza de detalhes, em relação aos diálogos e trejeitos dos personagens, que não há como captar, em sua completude, com uma única análise atenta. Assim, nos diálogos e nos vícios comportamentais, ele consegue expor elementos sobre democracia, totalitarismo, racismo, ética, respeito, egoísmo, futilidade, liderança etc. Nesse sentido, o diretor se utiliza do momento de crise e sobrevivência em alto-mar dos personagens, para expor sua visão sobre a essência humana, sobre até que ponto nossa humanidade permanece intacta e irrefutável.


Outrossim, não tem como deixar de expor a execução das cenas em alto-mar. Hitchcock, apesar de ser um filme de 1944, trazia técnicas de execução espetaculares - em alguns momentos, não acreditava que estava vendo um filme de 1944 com tantas técnicas minuciosas de direção.

Por todo o exposto acima, ponho este filme como uma das obras-primas do diretor, ainda que o suspense - elemento que o consagrou - tenha sido colocado em segundo plano.

Se não o assistiu, ponha na sua "listinha" e assista com bastante atenção a relação entre os personagens, visto que estamos diante de um dos filmes mais detalhistas e minuciosos do diretor.
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