

LANÇAMENTO: 24 de setembro de 2014
DIREÇÃO: Juliano Ribeiro Salgado e Wim Wenders.
ROTEIRO: David Rosier, Juliano Ribeiro Salgado e Wim Wenders.
ELENCO: Sebastião Salgado, Lélia Salgado, Juliano Ribeiro Salgado e Wim Wenders.
SINOPSE: Nos últimos 40 anos, o fotógrafo Sebastião Salgado tem viajado através dos continentes, aos passos de uma humanidade sempre em mutação. Ele testemunhou alguns dos principais eventos da nossa história recente; conflitos internacionais, a fome e o êxodo. Ele agora embarca na descoberta de territórios imaculados, da flora e da fauna selvagem e de paisagens grandiosas como parte de um enorme projeto fotográfico.
ROTEIRO: David Rosier, Juliano Ribeiro Salgado e Wim Wenders.
ELENCO: Sebastião Salgado, Lélia Salgado, Juliano Ribeiro Salgado e Wim Wenders.
AUTORA DO TEXTO: Thais R. de Freitas
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Certa vez, escutei de um retratista da equipe de fotografia com a qual trabalhava que a arte de fazer fotos nada mais é do que "desenhar com luz". Esta definição dele me encantou e só confirmou algo que já nutria uma grande paixão: a união das artes cinematográficas com a fotográfica.
O cinema trabalha e existe de forma intrínseca à fotografia. Diga-se de passagem: o surgimento da fotografia, principalmente animada, foi o elemento essencial para o início dos primeiros passos para a criação de um equipamento capaz de processar e gerar imagens sobrepostas e aceleradas em tom perfeito para o surgimento do cinematógrafo. Este fato, inclusive, viabilizou o nascimento do cinema.
O cinema trabalha e existe de forma intrínseca à fotografia. Diga-se de passagem: o surgimento da fotografia, principalmente animada, foi o elemento essencial para o início dos primeiros passos para a criação de um equipamento capaz de processar e gerar imagens sobrepostas e aceleradas em tom perfeito para o surgimento do cinematógrafo. Este fato, inclusive, viabilizou o nascimento do cinema.

Quando escolhemos discorrer sobre um filme documentário biográfico, de um dos maiores fotógrafos brasileiros, unimos estas duas paixões numa mesma produção cinematográfica. Falar de “O Sal da Terra” é mergulhar, neste universo de cinema e fotos, para além do entretenimento. É transitar pelo melhor e pior do mundo. É vivenciar acontecimentos e experiências pessoais do personagem central do filme, que casam perfeitamente para nossa própria compreensão do mundo atual e sua história.
Com codireção de Wim Wenders, a convite do diretor e filho de Sebastião, o cineasta Juliano Ribeiro Salgado, a produção Brasil, França e Itália foi indicada ao Oscar de Melhor Documentário em 2015, a um César, neste mesmo ano, e a outros prêmios em Cannes (2014) - a prova de um “casamento” perfeito dos trabalhos dos diretores. Wenders é, além de renomado cineasta, um grande fotógrafo. Ele tomou conhecimento deste que é um dos nossos maiores expoentes da área fotográfica, nos dias atuais, numa galeria de arte, há 20 anos.
A admiração dos diretores deste documentário pelo protagonista da história fica evidente, na forma como a narrativa é desenvolvida. Os mais de 40 anos da carreira de Salgado são exibidos com a demonstração do seu início, do abandono de uma profissão tradicional e do mergulho na área fotográfica, vindo a realizar trabalhos em variadas partes do mundo, com viagens que serviram de cenário e de ponto transformador na forma de trabalho do retratista. Temos, portanto, o aprofundamento do conhecimento não só da parte profissional do protagonista, mas também de aspectos emocionais que serviram como ponto essencial na moldagem do fotógrafo que ele se transformou.

Sebastião Salgado é exposto como um homem em conexão com o seu tempo, natureza, espaço. Preocupado não só com as questões pessoais e profissionais, mas também conectado com o todo. Há, inclusive, uma referência estabelecida entre o título dado ao filme e o nome do fotógrafo, o que é bastante curioso. “O Sal da Terra” seria pelo link da palavra sal com o sobrenome Salgado, em interpretação livre, como se fosse um certo tempero, ingrediente a mais para a terra. Logo, seria sua contribuição para o planeta - o que combina com a abordagem dele como um ser humano engajado, envolvido numa arte que busca contar aspectos do cotidiano geral. Fatores que vão desde a fome, guerra, miséria, causa indígena, modificações climáticas até reflorestamento, além de pensar em meios para melhorar o planeta.
Este é um documentário que vem nos brindar com momentos super intimistas da vida do fotógrafo. Revela faces de uma personalidade incrível que, junto de sua companheira, no momento em que poderia estar pensando em simplesmente se aposentar e curtir uma fase de descanso, resolve optar pelo engajamento ecológico, transformando sua propriedade em ponto de reflorestamento num pedaço de Minas Gerais.
Neste tempo em que o mundo precisa de mais exemplos de transformações positivas, num cenário atual que não favorece acreditar que pequenas ações podem ser revolucionárias, esta película é um sopro de vivacidade. Assistir à história de um brasileiro como Sebastião Salgado pode ser tudo o que você precisa para melhorar a frequência mental. Isto, por nos fazer acreditar que podemos ser tudo o que quisermos, além de mostrar que sempre é possível melhorar. Um grande documentário biográfico capaz de dar o tempero certo para nos transformar.
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