CASAMENTO SILENCIOSO

By | agosto 18, 2020 Leave a Comment
LANÇAMENTO: 3 de julho de 2009
DIREÇÃO: Horatiu Malaele
ROTEIRO: Adrian Lustig e Horatiu Malaele
ELENCO: Meda Andreea Victor; Alexandru Potocean; Valentin Teodosiu...

SINOPSE: Na Romênia, um casal decide desobedecer à lei do silêncio após a morte do líder Joseph Stalin e enfrenta as consequências.

AUTORA do TEXTO: Nana Pelissari

Com uma grande dose de criatividade e pautado pela sensibilidade, o drama tragicômico, carregado de humor burlesco, entrega uma trama simples e inteligente, que entretém, diverte e comove, trazendo questionamentos e reflexão. Irônico e melancólico, o filme flerta também com o surreal e o suspense para compor uma sátira que mistura emoções e sentimentos, causando estranheza, tensão, surpresa, risos e amarguras.


Através de uma narrativa fácil e bem estruturada, que parte da visita feita por um programa de televisão sobre histórias sobrenaturais a um vilarejo abandonado e deteriorado, viajamos ao passado, num flashback de aproximadamente meio século no tempo, que nos conta o que ocorreu no local para que este se transformasse no cenário árido e assombrado visto no início. Somos transportados para o lugarejo bucólico onde ocorreu o casamento que dá título à obra - ambientado na Romênia pertencente à antiga União Soviética do início da década de 1950, frequentada por tanques e soldados sisudos, contrastando com sua despretensiosa atmosfera rural.

Em meio a atuações teatrais e personagens caricatos, acompanhamos os habitantes locais envolvidos com as bodas do jovem casal, evento que mobiliza toda a pequena comunidade onde é aguardado com ansiedade. Com a morte de Stalin e o decreto do luto - proibindo festas, sob ameaça de duras penas -, o desenrolar das ações, para burlar as imposições e dar aos noivos a comemoração, constrói uma metáfora inventiva que denuncia as mazelas da repressão. O país, sob o domínio do regime da época, sofreu - isolado e calado pela cortina de ferro, bem como tolhido pela pesada censura - a pressão exercida pelo rígido controle e a falta de liberdade de expressão – formando, basicamente, os elementos essenciais da obra.


As reflexões levantadas são válidas e amplas, não se restringe a ideologias, abrange o totalitarismo e a opressão também de forma geral. O conflito traduzido de maneira ímpar gera cenas magistrais, como a do jantar, ápice do filme, e justifica seu reconhecimento. O desfecho amargo dos acontecimentos encerra o debate delicado com sucesso, por conseguir fazer rir de sua própria desgraça, ao mesmo tempo que respeita a dor e torna a crítica à sua causa necessária. Vale a pena ser visto.


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