

LANÇAMENTO: 3 de julho de 2009
DIREÇÃO: Horatiu Malaele
ROTEIRO: Adrian Lustig e Horatiu Malaele
ELENCO: Meda Andreea Victor; Alexandru Potocean; Valentin Teodosiu...
SINOPSE: Na Romênia,
um casal decide desobedecer à lei do silêncio após a morte do líder Joseph
Stalin e enfrenta as consequências.
AUTORA do TEXTO: Nana Pelissari
Com
uma grande dose de criatividade e pautado pela sensibilidade, o drama
tragicômico, carregado de humor burlesco, entrega uma trama simples e inteligente,
que entretém, diverte e comove, trazendo questionamentos e reflexão. Irônico e
melancólico, o filme flerta também com o surreal e o suspense para compor uma
sátira que mistura emoções e sentimentos, causando estranheza, tensão,
surpresa, risos e amarguras.

Através
de uma narrativa fácil e bem estruturada, que parte da visita feita por um
programa de televisão sobre histórias sobrenaturais a um vilarejo abandonado e
deteriorado, viajamos ao passado, num flashback
de aproximadamente meio século no tempo, que nos conta o que ocorreu no local
para que este se transformasse no cenário árido e assombrado visto no início.
Somos transportados para o lugarejo bucólico onde ocorreu o casamento que dá
título à obra - ambientado na Romênia
pertencente à antiga União Soviética do início da década de 1950, frequentada
por tanques e soldados sisudos, contrastando com sua despretensiosa atmosfera
rural.
Em
meio a atuações teatrais e personagens caricatos, acompanhamos os habitantes
locais envolvidos com as bodas do jovem casal, evento que mobiliza toda a
pequena comunidade onde é aguardado com ansiedade. Com a morte de Stalin e o
decreto do luto - proibindo festas, sob
ameaça de duras penas -, o desenrolar das ações, para burlar as imposições
e dar aos noivos a comemoração, constrói uma metáfora inventiva que denuncia as
mazelas da repressão. O país, sob o domínio do regime da época, sofreu - isolado e calado pela cortina de ferro, bem como
tolhido pela pesada censura - a pressão exercida pelo rígido controle e a falta
de liberdade de expressão – formando, basicamente,
os elementos essenciais da obra.

As
reflexões levantadas são válidas e amplas, não se restringe a ideologias,
abrange o totalitarismo e a opressão também de forma geral. O conflito
traduzido de maneira ímpar gera cenas magistrais, como a do jantar, ápice do
filme, e justifica seu reconhecimento. O desfecho amargo dos acontecimentos encerra
o debate delicado com sucesso, por conseguir fazer rir de sua própria desgraça,
ao mesmo tempo que respeita a dor e torna a crítica à sua causa necessária.
Vale a pena ser visto.
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