

LANÇAMENTO: 9 de
maio de 1986
DIREÇÃO: Andrei
Tarkóvski
ROTEIRO: Andrei
Tarkóvski
ELENCO: Erland
Josephson, Susan Fleetwood, Valérie Mairesse...
SINOPSE: Família burguesa sueca celebra o aniversário do
patriarca Alexander, escritor e ator aposentado. Porém, tudo muda com a notícia
do início da III Guerra Mundial.
AUTOR
do TEXTO: Ed Kalume
Andrei
Tarkóvski é, possivelmente, o melhor cineasta russo de
todos os tempos e um dos melhores entre todos na história do cinema. Falar de “O Sacrifício”, de 1986, é falar um
pouco de sua história. Ao filmar Stalker, Tarkóvski contraiu
câncer, junto com parte do elenco do filme. “O
Sacrifício” é seu último trabalho, realizado quando já estava no final da
vida. Uma espécie de filme testamento do cineasta - misterioso, inquietante, cheio de simbolismo, onde Andrei faz uma
reflexão sobre a espera da morte.

O
patriarca de uma família burguesa está reunido em sua casa de campo com todos
os seus filhos, comemorando um aniversário, quando o programa de televisão é
interrompido para um anúncio do presidente da União Soviética. No anúncio, o
presidente avisa seu povo que a guerra nuclear teve início. Neste mesmo momento,
mísseis americanos estão a caminho do solo russo, e mísseis russos, em direção
ao solo americano. Ele agradece ao povo por ter construído um lindo país e
avisa que restam poucos minutos para o fim.
Há
uma comoção geral entre os presentes: algumas mulheres choram, outras passam
mal, umas tomam remédios, alguns homens se colocam tensos, em estado de choque.
Toda a família sente a agonia da espera da morte - uma sensação de sufoco, fragilidade e desesperança. Neste exato
momento, o patriarca da família, mesmo sem acreditar em Deus, se coloca de
joelhos e promete que, se Deus livrar o solo soviético dos mísseis americanos,
ele faria um sacrifício.

Através
de simbolismos, longos planos sequências, uma fotografia perfeita, belos
enquadramentos e uma câmera que parece estar sempre no ângulo perfeito, Tarkóvski
reflete sobre o passado, a espiritualidade, o amor próprio, a esperança, a
vontade de Deus, a redenção, a fé; sempre apontando para a fragilidade do homem,
ao se deparar com o desconhecido e inevitável, onde insanidade e equilíbrio
mental se misturam, em meio à serenidade e caos - tudo junto e apresentado de forma poética.
Um
filme imperdível. Porém, quem desejar se aventurar nessas águas deveria
assistir outros trabalhos de Tarkóvski, como A Infância de Ivan,
Andrei
Rublev e Stalker.
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