O SACRIFÍCIO

By | agosto 17, 2020 Leave a Comment
LANÇAMENTO: 9 de maio de 1986
DIREÇÃO: Andrei Tarkóvski
ROTEIRO: Andrei Tarkóvski
ELENCO: Erland Josephson, Susan Fleetwood, Valérie Mairesse...

SINOPSE: Família burguesa sueca celebra o aniversário do patriarca Alexander, escritor e ator aposentado. Porém, tudo muda com a notícia do início da III Guerra Mundial.

AUTOR do TEXTO: Ed Kalume

Andrei Tarkóvski é, possivelmente, o melhor cineasta russo de todos os tempos e um dos melhores entre todos na história do cinema. Falar de “O Sacrifício”, de 1986, é falar um pouco de sua história. Ao filmar Stalker, Tarkóvski contraiu câncer, junto com parte do elenco do filme. “O Sacrifício” é seu último trabalho, realizado quando já estava no final da vida. Uma espécie de filme testamento do cineasta - misterioso, inquietante, cheio de simbolismo, onde Andrei faz uma reflexão sobre a espera da morte.


O patriarca de uma família burguesa está reunido em sua casa de campo com todos os seus filhos, comemorando um aniversário, quando o programa de televisão é interrompido para um anúncio do presidente da União Soviética. No anúncio, o presidente avisa seu povo que a guerra nuclear teve início. Neste mesmo momento, mísseis americanos estão a caminho do solo russo, e mísseis russos, em direção ao solo americano. Ele agradece ao povo por ter construído um lindo país e avisa que restam poucos minutos para o fim.

Há uma comoção geral entre os presentes: algumas mulheres choram, outras passam mal, umas tomam remédios, alguns homens se colocam tensos, em estado de choque. Toda a família sente a agonia da espera da morte - uma sensação de sufoco, fragilidade e desesperança. Neste exato momento, o patriarca da família, mesmo sem acreditar em Deus, se coloca de joelhos e promete que, se Deus livrar o solo soviético dos mísseis americanos, ele faria um sacrifício.


Através de simbolismos, longos planos sequências, uma fotografia perfeita, belos enquadramentos e uma câmera que parece estar sempre no ângulo perfeito, Tarkóvski reflete sobre o passado, a espiritualidade, o amor próprio, a esperança, a vontade de Deus, a redenção, a fé; sempre apontando para a fragilidade do homem, ao se deparar com o desconhecido e inevitável, onde insanidade e equilíbrio mental se misturam, em meio à serenidade e caos - tudo junto e apresentado de forma poética.

Um filme imperdível. Porém, quem desejar se aventurar nessas águas deveria assistir outros trabalhos de Tarkóvski, como A Infância de Ivan, Andrei Rublev e Stalker.


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