DE CERTA MANEIRA

By | agosto 03, 2020 Leave a Comment
LANÇAMENTO: 1 de Janeiro de 1977
DIREÇÃO: Sara Gómez
ROTEIRO: Sara Gómez; Julio García Espinosa; Tomás Gutiérrez Alea; Tomás González Pérez.
ELENCO: Mario Balmaseda; Yolanda Cuéllar; Mario Limonta; Sarita Heyes...

SINOPSE: o filme mistura cenas de documentário com uma história fictícia que analisa os bairros pobres de Havana logo após a Revolução Cubana de 1959.

AUTORA do TEXTO: Vanessa Paiva

O único longa feito por Sara Gomez é uma surpresa cinematográfica, ao falar sobre o amor, a revolução e a importância de nos voltarmos para uma crítica social e humana, em um período de construção de identidade política e estrutural. Tudo começa com uma pequena reunião comunitária dos Trabalhadores da região de Miraflores - um bairro de Havana em Cuba.

Yolanda é professora na comunidade e uma das personagens centrais do filme que passa por conflitos com Seu Mario - um revolucionário local. Essa personagem aparece, em um momento, numa região pobre de Havana que enfrenta problemas comuns de muitas cidades da América Latina, como falta de energia e de investimento na educação e no saneamento. Apesar de ser em Cuba, o filme poderia tranquilamente ser rodado no Brasil.


A educação é um tema tratado com profundidade, em relação às dificuldades enfrentadas por essa professora em sala de aula. Assim, alguém como ela, que era culta e politizada, tinha dificuldade em se adaptar àquela nova forma de enxergar o que seus alunos precisavam, pois sua pedagogia não se aplicava a eles, visto que suas necessidades como indivíduos eram muito distantes da dela - eram pessoas excluídas e esquecidas da sociedade. Não muito distante disso, a marginalização é outro assunto tocado, já que esse conceito em Cuba, naquele período, estava associado a revolucionários.

Não é um filme tão conhecido ou tão falado, mas permanece com questionamentos válidos acerca da desconstrução para reconstrução em outras palavras. Nesse sentido, o filme busca trazer à tona tudo aquilo que a população traz engasgada, todas as suas mazelas e discriminações e como o país ficou dividido depois da revolução.


O formato do discurso narrativo é politico e referencial. Infelizmente, a qualidade do filme que encontrei não estava muito boa, o que me impossibilitou de ter uma percepção maior acerca da estética, sendo o roteiro e a direção o ponto central do filme.

O que mais me impressiona é a capacidade de trazer à tona as subalternidades daquele tempo onde tantas mudanças ocorriam dentro da América Latina. O considero um filme mais que necessário, sendo atemporal, já que as consequências da colonialidade, racismo e patriarcalidade se mantêm presentes no longa e fora dele, inclusive até nos dias atuais.

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