O GAROTO

By | agosto 04, 2020 Leave a Comment
LANÇAMENTO: 6 de maio de 1921
DIREÇÃO: Charlie Chaplin
ROTEIRO: Charlie Chaplin e Roland Totheroh
ELENCO: Charlie Chaplin; Edna Purviance; Jackie Coogan...

SINOPSE: Uma mãe abandona seu filho com um bilhete em uma limusine, mas o carro acaba sendo roubado e a criança é deixada em uma lata de lixo. Um vagabundo encontra o bebê e passa a cuidar dele. Cinco anos depois, a mulher tenta encontrar o filho perdido.

AUTOR do TEXTO: Eliezer Lugarini

Não preciso ser machão para definitivamente detestar filmes feitos para chorar, comover e com mensagens de autoajuda. Enfim, os famosos filmes chorosos que dificilmente me fazem chorar, não me comovem nem um bocado e, em geral, me despertam normalmente asco. Isto talvez se deva pela infinidade de dramas clichês, perturbados por uma vontade indecente em tocar o espectador e fazê-lo, de certa forma, se sensibilizar com o drama vivido por seus protagonistas. Em geral, e me refiro à grande maioria das produções deste gênero, diluem-se em dilemas tolos e “forçadas de barra” ao melhor nível da novela mexicana Maria Do Bairro.

Raros são os casos que conseguem manter o nível de realidade, carisma e dor de forma equilibrada, como o gênero de fato necessita. Chaplin foi um dos poucos cineastas da história que encontrou uma fórmula para equilibrar este tipo drama. Impossível dizer se isso se deve ao seu toque de humor inigualável ou mesmo se é devido ao carisma e graciosidade do diretor/ator.


O garoto é um conto bastante simples quando O Vagabundo encontra um bebê abandonado e passa a cuidar dele. Num misto de relação de pai e filho com amizade, Chaplin consegue a proeza, inclusive, de acharmos bonito que um pai corrompa um menor de idade em uma vigarice das mais genuínas, na esquete do vidraceiro ou mesmo na épica cena do boxe entre garotos. Sim, é verdade, essas duas cenas, hoje em dia, poderiam ser vistas como politicamente incorretas ou inadequadas. No entanto, nas mãos de Chaplin, acusá-lo de qualquer coisa seria insanidade.


O vagabundo tem sua criança tomada pelo serviço social, numa daquelas cenas memoráveis, tamanha a veracidade daquilo que se mostra em cena. Nesse momento, entraram muitos ciscos nos meus olhos - sempre entram; inclusive, nas mais de 5 vezes que vi o filme.

O garoto é um filme muito comovente e belíssimo - você possivelmente vai rir e chorar, nessa união entre graça e melancolia que só Chaplin consegue trazer para o cinema. Mas tudo isso é irrelevante. O garoto é objeto de minha indicação por sua cena final, a cena dos anjos. É aqui que reside, de forma lúdica e fantasiosa, a grande crítica de Chaplin ao mundo e às pessoas. Seu legado para a história se encontra nesse trecho de pouco mais de 5 minutos, pois Chaplin observa os males que transformam a inocência de uma criança na perversidade do homem. É simplesmente genial.

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