

LANÇAMENTO:
6 de maio de 1921
DIREÇÃO:
Charlie Chaplin
ROTEIRO:
Charlie Chaplin e Roland Totheroh
ELENCO:
Charlie Chaplin; Edna Purviance; Jackie
Coogan...
SINOPSE:
Uma mãe abandona seu filho com um bilhete em uma limusine, mas o carro acaba
sendo roubado e a criança é deixada em uma lata de lixo. Um vagabundo encontra
o bebê e passa a cuidar dele. Cinco anos depois, a mulher tenta encontrar o
filho perdido.
AUTOR do TEXTO: Eliezer Lugarini
Não preciso ser
machão para definitivamente detestar filmes feitos para chorar, comover e com
mensagens de autoajuda. Enfim, os famosos filmes chorosos que dificilmente me
fazem chorar, não me comovem nem um bocado e, em geral, me despertam
normalmente asco. Isto talvez se deva pela infinidade de dramas clichês,
perturbados por uma vontade indecente em tocar o espectador e fazê-lo, de certa
forma, se sensibilizar com o drama vivido por seus protagonistas. Em geral, e
me refiro à grande maioria das produções deste gênero, diluem-se em dilemas
tolos e “forçadas de barra” ao melhor
nível da novela mexicana Maria Do Bairro.
Raros são os casos
que conseguem manter o nível de realidade, carisma e dor de forma equilibrada, como
o gênero de fato necessita. Chaplin foi um dos poucos cineastas
da história que encontrou uma fórmula para equilibrar este tipo drama.
Impossível dizer se isso se deve ao seu toque de humor inigualável ou mesmo se
é devido ao carisma e graciosidade do diretor/ator.

O garoto é um conto
bastante simples quando O Vagabundo encontra um bebê
abandonado e passa a cuidar dele. Num misto de relação de pai e filho com
amizade, Chaplin consegue a proeza, inclusive, de acharmos bonito que um
pai corrompa um menor de idade em uma vigarice das mais genuínas, na esquete do
vidraceiro ou mesmo na épica cena do boxe entre garotos. Sim, é verdade, essas
duas cenas, hoje em dia, poderiam ser vistas como politicamente incorretas ou
inadequadas. No entanto, nas mãos de Chaplin, acusá-lo de qualquer coisa seria
insanidade.

O vagabundo tem sua
criança tomada pelo serviço social, numa daquelas cenas memoráveis, tamanha a
veracidade daquilo que se mostra em cena. Nesse momento, entraram muitos ciscos
nos meus olhos - sempre entram; inclusive,
nas mais de 5 vezes que vi o filme.
O garoto é um filme
muito comovente e belíssimo - você possivelmente
vai rir e chorar, nessa união entre graça e melancolia que só Chaplin consegue
trazer para o cinema. Mas tudo isso é irrelevante. O garoto é objeto de
minha indicação por sua cena final, a cena dos anjos. É aqui que reside, de
forma lúdica e fantasiosa, a grande crítica de Chaplin ao mundo e às
pessoas. Seu legado para a história se encontra nesse trecho de pouco mais de 5
minutos, pois Chaplin observa os males que transformam a inocência de uma
criança na perversidade do homem. É simplesmente genial.
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