POLYTECHNIQUE

By | agosto 10, 2020 Leave a Comment
LANÇAMENTO: 03 de outubro de 2009
DIREÇÃO: Denis Villeneuve
ROTEIRO: Jacques Davidts
ELENCO: Maxim Gaudette; Karine Vanasse; Sébastien Huberdeau...

SINOPSE = Valérie e Jean-François estudam em uma escola de Montreal. Em um dia do mês de dezembro, um acontecimento brutal provoca mudanças irreversíveis em suas vidas. Um jovem de 25 anos entra na escola com um rifle em mãos e tem o objetivo de assassinar todas as mulheres que cruzarem seu caminho.

AUTOR DO TEXTO: Victor Oliveira

Com história baseada em fatos reais, “Polytechnique” retrata o massacre ocorrido, no dia 06 de dezembro de 1989, na escola politécnica de Montreal, cometido por Marc Lépine, com o objetivo puro e simples de vingança a todas as feministas.

Nesse sentido, torna-se um filme relevantíssimo para ser assistido, não só para analisar que a crueldade apenas precisa de uma simples escusa para ser manifestada, mas também para conhecer o fato que mudou a forma de tratamento do Canadá, em relação à violência contra a Mulher. Ademais, foi um fato tão estrondoso dentro do país que modificou o modo de atuação da polícia, nesse tipo de circunstância, e acarretou mudança legislativa quanto ao porte de arma dentro do país.

Dito isso, trouxe muita discussão, dentro do país, sobre o cerne do debate político-social em razão do fato. Enquanto grupos de proteção à Mulher e alguns políticos direcionaram seus argumentos, em relação ao fato, para conduta de MISOGINIA EXTREMA, psiquiatras e psicólogos direcionaram seus argumentos para a vida e as origens sociais do jovem de 25 anos, discutindo pressupostos para um ato tão desumano.

Feita uma leve introdução histórica das consequências do ato de Marc Lépine, adentremos nos elementos do filme.

Inicialmente, vale expor que o filme não visou adentrar nas consequências decorrentes do ato relatadas acima. Pelo contrário, visou nos colocar na situação fonte, no dia do fato.


Assim sendo, o filme não tenta usar eufemismos ou métodos para abrandar os fatos ocorridos naquele dia. Na verdade, tenta ser o mais visceral e angustiante possível, nos colocando numa posição de tormento e pesar com o decorrer dos fatos. Nessa perspectiva, para que o espectador sinta as sensações de quem vivenciou o fato, é salutar uma direção calculista e minuciosa, e Denis Villeneuve entrega isso de modo grandioso.

Além disso, por tratar apenas do fato, o filme tem 1 h e 17 min de incômodo, de agonia, para quem assiste, deixando o espectador se perguntando: por que tanto ódio? O que as Mulheres fizeram para gerar tanta ojeriza no assassino? Essas perguntas se repetiram tanto na minha cabeça que precisei realizar uma pesquisa posterior, para compreender um pouco mais sobre o assassino que executou 14 meninas na escola.


Aqui, Denis Villeneuve, mais uma vez, mostra que não faz filmes para abrandar histórias, mas para tentar ser o mais realista possível, sem ter o intento de simplesmente chocar. Em muitos momentos, nos faz encarar o assassino, mostrando sua amargura, sua ausência de empatia e seu distanciamento social, gerando, pelo menos em mim, perguntas como: Por que ele se tornou isso? Quais as relações sociais da vida que o levaram a tal extremismo? Sinceramente, minha mente não conseguia conceber aquele fato como ódio pelo ódio.

Como se não bastasse o realismo, Denis Villeneuve, para nos deixar ainda mais amedrontados com o que ocorria ali, usou, com muita perspicácia e apoio da sua equipe de edição e mixagem de som, uma sonoplastia para os tiros que soava como facadas em nós mesmos, ao assistir o filme. Isto é, o diretor não teve a intenção de aliviar o fato, mas de gerar tensão a cada movimento dentro do ambiente da escola.

Não obstante todos os elementos supramencionados, consegue-se perceber alegorias até óbvias sobre a humanidade, mas que são necessárias, em razão da história que estava sendo contada.

Por todo o exposto, este não é um filme simples de se assistir, mas o considero estritamente necessário para vermos o quanto não sabemos sobre a mente e as intenções das pessoas a nossa volta.

FILME VENCEDOR de 4 PRÊMIOS

1) Prêmio Genie de Melhor atriz 2010 (Karine Vanasse)
2) Genie Award for Best Performance by an Actor in a Supporting Role 2010 (Maxim Gaudette)
3) Prêmio Genie de Melhor Roteiro 2010 (Jacques Davidts)
4) Genie Award for Best Achievement in Overall Sound


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