SONHOS

By | agosto 11, 2020 Leave a Comment

LANÇAMENTO: 11 de maio de 1990
DIREÇÃO: Akira Kurosawa
ROTEIRO: Akira Kurosawa
ELENCO: Akira Terao, Toshie Negishi, Mitsunori Isaki...

SINOPSE: Produção japonesa que apresenta uma série de curtas-metragens do diretor Akira Kurosawa. Um dos segmentos mostra um menino espionando a cerimônia de um casamento de raposas, enquanto que em outra história, um jovem é testemunha de um momento mágico no jardim. Muitos dos filmes estão interligados através de um tema ambiental.

AUTORA DO TEXTO: Thais R. de Freitas

Filmes nos proporcionam experiências pessoais únicas. Contribuem para que a nossa percepção de aspectos de realidade e fantasia possam fluir sem amarras padronizadas. Aguçam nossos sentidos. Impulsionam sentidos, reações e emoções. E a escolha de indicar esta obra ímpar de Kurosawa, elucida a valoração do subconsciente na percepção dos nossos próprios ímpetos humanísticos.

Dividido em 8 segmentos distintos (“Um Raio de Sol Através da Chuva”, “O Jardim dos Pessegueiros”, “A Nevasca”, “O Túnel”, “Corvos”, “Monte Fuji em Vermelho”, “O Demônio Chorão”, “Povoado dos Moinhos”), que nos remetem a passagens específicas, o filme é inspirado em sonhos que o diretor apresentou ao longo de toda a sua vida. Contempla, praticamente, a maior parte das fases da existência de uma pessoa que segue o ciclo completo de vivência, partindo da infância, com passagem pela vida adulta e chegada até a maturidade. Demonstra perspectivas distintas de situações curiosas, que só o mundo dos sonhos pode nos ofertar.


Com sonhos que vão do imaginário lúdico, tradições, passando por moldes de pesadelos e um momento final mais utópico e até positivo, cada história nos mostra perspectivas que induz a um filme muito contemplativo, reflexivo, que exige apreciação de um telespectador mais emocional do que racional. Há narrativas que denotam questões como as relacionadas com o papel da arte, da natureza, da morte, do consumismo, da culpa e até do impacto de catástrofes na vida humana. Poderia ponderar aqui cada história, no entanto, creio que perderia a graça, que é justamente deixar a percepção individual que cada um apresenta com suas próprias experiências, para influenciar as reflexões que os 8 “sonhos” podem ofertar. 
  
Tudo o que é abordado, no decorrer das histórias, apresenta correlações com experiências muito pessoais do diretor. Não é o tipo de filme de fácil assimilação. Não é o tipo de audiência que, em um modo rápido, viabilize sensibilidade necessária para mergulhar neste universo demonstrado por Kurosawa ou que possa ser visto em qualquer momento aleatório. É preciso estar no espírito exato de abertura do pensamento, para um deleite completo e fantástico sobre expansão de percepções.


Falo isso, por ter plena convicção que a linguagem empregada na narrativa é densa, rica em muitos elementos metafóricos. Encontramos curiosidades, como os tipos de clima terem correlações com o simbolismo empregado no filme. Coisas como a presença de arco-íris ligado ao folclore, tempestade que nos aponta sobre elementos dos tempos difíceis e até um ambiente ensolarado para mostrar completude no setor final. Uma audiência mais automática, sem o clima correto para assistir, pode colocar a pessoa em tédio, por pura falta de compreensão. E isso não corresponde a toda importância e esplendor que esta obra é. Sonhos é uma magia artística para renovar o espírito.

Com Coprodução Estados Unidos – Japão, foi indicado ao Globo de Ouro, em 1991, e recebeu prêmios em diferentes festivais, sendo o principal dado pela Academia Japonesa. Além da direção, Kurosawa também foi o responsável pela escrita. Depois de “Sonhos”, de 1990, o diretor realizou apenas mais dois longas, nos anos de 1991 e 1993. Vale assistir a esta história em sua completa maturidade.


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