

LANÇAMENTO: 11 de maio de 1990
DIREÇÃO: Akira Kurosawa
ROTEIRO: Akira Kurosawa
ELENCO: Akira Terao, Toshie Negishi,
Mitsunori Isaki...
SINOPSE: Produção japonesa que apresenta uma
série de curtas-metragens do diretor Akira Kurosawa. Um dos segmentos mostra um
menino espionando a cerimônia de um casamento de raposas, enquanto que em outra
história, um jovem é testemunha de um momento mágico no jardim. Muitos dos
filmes estão interligados através de um tema ambiental.
AUTORA DO TEXTO: Thais R. de Freitas
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Filmes
nos proporcionam experiências pessoais únicas. Contribuem para que a nossa
percepção de aspectos de realidade e fantasia possam fluir sem amarras
padronizadas. Aguçam nossos sentidos. Impulsionam sentidos, reações e emoções.
E a escolha de indicar esta obra ímpar de Kurosawa, elucida a valoração do
subconsciente na percepção dos nossos próprios ímpetos humanísticos.
Dividido
em 8
segmentos distintos (“Um Raio
de Sol Através da Chuva”, “O Jardim dos Pessegueiros”, “A Nevasca”, “O Túnel”,
“Corvos”, “Monte Fuji em Vermelho”, “O Demônio Chorão”, “Povoado dos Moinhos”),
que nos remetem a passagens específicas, o filme é inspirado em sonhos que o
diretor apresentou ao longo de toda a sua vida. Contempla, praticamente, a
maior parte das fases da existência de uma pessoa que segue o ciclo completo de
vivência, partindo da infância, com passagem pela vida adulta e chegada até a
maturidade. Demonstra perspectivas distintas de situações curiosas, que só o
mundo dos sonhos pode nos ofertar.

Com
sonhos que vão do imaginário lúdico, tradições, passando por moldes de
pesadelos e um momento final mais utópico e até positivo, cada história nos
mostra perspectivas que induz a um filme muito contemplativo, reflexivo, que
exige apreciação de um telespectador mais emocional do que racional. Há
narrativas que denotam questões como as relacionadas com o papel da arte, da
natureza, da morte, do consumismo, da culpa e até do impacto de catástrofes na
vida humana. Poderia ponderar aqui cada história, no entanto, creio que
perderia a graça, que é justamente deixar a percepção individual que cada um
apresenta com suas próprias experiências, para influenciar as reflexões que os
8 “sonhos” podem ofertar.
Tudo
o que é abordado, no decorrer das histórias, apresenta correlações com
experiências muito pessoais do diretor. Não é o tipo de filme de fácil
assimilação. Não é o tipo de audiência que, em um modo rápido, viabilize
sensibilidade necessária para mergulhar neste universo demonstrado por Kurosawa
ou que possa ser visto em qualquer momento aleatório. É preciso estar no
espírito exato de abertura do pensamento, para um deleite completo e fantástico
sobre expansão de percepções.

Falo
isso, por ter plena convicção que a linguagem empregada na narrativa é densa,
rica em muitos elementos metafóricos. Encontramos curiosidades, como os tipos
de clima terem correlações com o simbolismo empregado no filme. Coisas como a
presença de arco-íris ligado ao folclore, tempestade que nos aponta sobre
elementos dos tempos difíceis e até um ambiente ensolarado para mostrar
completude no setor final. Uma audiência mais automática, sem o clima correto
para assistir, pode colocar a pessoa em tédio, por pura falta de compreensão. E
isso não corresponde a toda importância e esplendor que esta obra é. Sonhos é
uma magia artística para renovar o espírito.
Com Coprodução
Estados Unidos – Japão, foi indicado ao Globo de Ouro, em 1991, e
recebeu prêmios em diferentes festivais, sendo o principal dado pela Academia
Japonesa. Além da direção, Kurosawa também foi o responsável
pela escrita. Depois de “Sonhos”, de
1990, o diretor realizou apenas mais dois longas, nos anos de 1991 e 1993. Vale
assistir a esta história em sua completa maturidade.
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