

SINOPSE: Durante a Segunda Guerra Mundial uma mulher abre seu coração para um paciente, após ter resolvido inicialmente se livrar dele.
Uma escritora reclusa, a segunda
guerra em curso e um jovem menino formam o início de narrativa desta produção
inglesa. Primeiro longa dirigido por Jessica Swale, o filme é estrelado
por Gemma
Arterton, atriz, até então, mais conhecida por sua participação no
filme da franquia 007, “007- Quantum of Solace”.
A leveza desta narrativa é um bom
entretenimento para dias em que se busca um passatempo mais esperançoso. Apesar
de um drama de guerra, a película permite nos mostrar perspectivas de certo
modo inusitadas, num enredo que nos conduz a reflexões sobre as peças que o
destino pode acabar por nos pregar, na convergência de destinos, história e
acontecimentos da vida.
Tudo começa quando a vida coloca um
órfão refugiado dos bombardeios frequentes em Londres, sob a tutela da
rabugenta escritora Alice, numa região localizada na zona rural do Reino Unido. Sem
pedir para participar de qualquer programa de acolhimento de jovens, a
escritora fica surpresa por ter sido contemplada nesta tutela e pede ao
programa que, em uma semana, arrumem uma casa melhor para ficar com Frank.
Como a vida não é feita de programações, em curto espaço de tempo, o menino de
quem ela queria se livrar e evitar qualquer aprofundamento de relacionamento,
cativa uma grande amizade e afeto com a escritora reclusa, contribuindo para
que ela desista da entrega da guarda temporária do garoto para um novo lar.
Durante toda a narrativa, são
introduzidos flashes sobre a memória
da escritora. Neles observamos momentos felizes e variados, vividos na
companhia da personagem Vera, interpretada pela atriz Gugu
Mbatha-Raw, rosto conhecido de filmes e séries como Belle,
The
Morning Show, Easy e seu papel mais icônico
no aclamado episódio de Black Mirror: San Junipero.
A partir dos flashes que nos permitem acessar as conexões entre o passado da
escritora e a situação atual, o filme aprofunda nossa percepção sobre por qual
razão o menino foi parar na tutela de Alice.
Spoiler Alert: É
bonita a forma que a diretora mostra como foi o relacionamento de Alice e Vera,
bem como a delicadeza ao mostrar que crianças não nascem com predicados de
preconceitos - isso é embutido por meios sociais nos quais elas são criadas. Há
naturalidade na medida certa para retratar o amor entre a escritora e a mãe de
Frank, antes do nascimento dele, sem entrar em debate puramente social e até
político direto. O filme consegue caminhar pela demonstração de que numa
relação, muitas vezes, seguimos caminhos diferentes por expectativas diversas.
O romance entre elas e a razão pela qual Vera preferiu não seguir com Alice,
escolhendo casar com um homem para ter o filho biológico, que futuramente vai
para a casa da escritora, é passível de entendimento das escolhas. Ainda assim,
o filme rompe tabus ao falar de filhos em lares constituídos por casais
homoafetivos, numa época em que não se falava da possibilidade de constituição
de famílias por Lgbtq+, dentro de padrões sociais tradicionais. Essa abordagem
de lares lgbtq+, com filhos, dão o toque essencial na concepção do longa.
É uma história ambientada nos anos 40,
só que muito à frente de seu tempo. Claro que há um pouco de previsibilidade em
algumas formas de condução dos elementos narrativos. No entanto, ainda assim, é
uma graça ver e divagar na densidade deste drama leve de guerra. Um filme com
graciosidade que vale assistir.


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