SINOPSE: Em Israel, os judeus ortodoxos só se separam após o julgamento de Rabinos e o consentimento do marido. Baseado em uma história real. Ela não mede esforços para conseguir sua liberdade.
AUTORA do TEXTO: Nana Pelissari
Todas as cenas compartilham o
mesmo espaço: um
tribunal que
compreende um cenário seco e minimalista, composto por paredes brancas e mobílias
estéreis. Do início ao fim, as sequencias seguem seu percurso dentro desse
ambiente monótono, num ritmo compassado, marcado apenas pela indicação da
passagem do tempo, demarcando as visitas ao local.

Trata-se de um filme denso,
crítico, de atmosfera claustrofóbica e que expõe o surreal absurdo das
desventuras de uma sociedade arraigada a preceitos machistas e efusivamente
moralistas. A trama mostra a luta de uma mulher para se divorciar de um marido
controlador a quem não ama mais. Apesar de não haver, a princípio, outros
agravantes que justifiquem o pedido, ela deseja colocar um fim no seu casamento
e, de acordo com as leis de Israel, a separação pode acontecer apenas com o
consentimento do marido. Luta essa que segue se arrastando por 05 anos, o que
soa angustiante. Assim, essa sensação de sufocamento é captada e refletida para
o espectador, tanto pelos pontos de vista que a câmera nos coloca, quanto pela boa
representação dos atores e construção dos diálogos.
Dirigido e produzido pelos irmãos
Ronit e Shlomi
Elkabetz, sendo que Ronit Elkabetz também atua
como Viviane
Amsalem, o enredo traça críticas a uma cultura e a uma sociedade. De
maneira fluida, nos leva a questionar o quadro que entrega, sem maniqueísmos ou
didatismos. Não trata nenhuma grandiosidade heroica, não fornece um contraponto
de vilania, sendo sustentado de tal
forma que a situação absurda parece gerada por um grande conjunto de erros e
falta de bom senso que os mantém presos a uma realidade engessada, destoante da
nossa vida moderna, sem deixar de dar razão e direito a sua protagonista ou
apontar o quão distorcido, injusto e prejudicial é se opor a ela.

Tendo “Gett” como seu título original - termo que dá nome ao documento que efetua o divórcio entre um casal judeu - o longa vale a indicação, é muito bem construído, é atual e entretém.
0 comentários: