VIVEIRO

By | outubro 08, 2020 Leave a Comment

LANÇAMENTO: 18 de junho de 2020 
DIREÇÃO: Lorcan Finnegan 
ROTEIRO: Garret Shanley e Lorcan Finnegan
ELENCO: Jesse Eisenberg, Imogen Poots, Jonathan Aris...

 

SINOPSE: Enquanto procuram pela casa ideal para que possam morar juntos, um casal se vê preso em um complicado labirinto feito de moradas idênticas entre si. Quando eles percebem que o local não é nada do que imaginavam, pode ser tarde demais.

 

AUTORA do TEXTO: Nana Pelissari

 

Uma sequência curiosa, que a princípio pode parecer uma alegoria meramente ilustrativa, criando uma associação à ideia do viveiro, dá início ao filme. Em um tom documental, assistimos à breve colocação sobre o pássaro que, movido pela sua natureza e instinto, tem o costume de invadir o ninho alheio, jogando para fora os filhotes da outra espécie que este abrigava. Passada essa introdução, somos apresentados ao casal protagonista Gemma - uma professora de jardim de infância - e Tom - um zelador cuidando do jardim da escola. Simples e leves, são pessoas reais levando vidas comuns, aparentemente fluidas e tranquilas. Assim, pretendem se casar e estão em busca de uma casa para viverem juntos, e esta busca dá início a trama que nos surpreende.



Nada é por acaso ou possui apenas uma interpretação. Nesse sentido, o excêntrico corretor de imóveis que os recebe é o personagem que abre caminho para o mundo de bizarrices e estranhezas que vem a seguir, para o qual são atraídos e se tornam cativos. Num misto de desconforto, certo interesse e benevolência para com aquela figura peculiar, acatam a visita ao loteamento sugerido. Seguem com ele até um conjunto de ruas e casas que, de tão ordinárias e repetidas à exaustão, fazem do lugar um espaço inusitado. Lá, são levados até o interior do imóvel à venda, onde são abandonados e de onde não conseguem mais sair.


Estão presos a um lugar onde tudo é perfeitamente limpo, simétrico e sem excessos. As construções são todas iguais, extremamente regulares e se sucedem a perder de vista. O céu é claro e azul, com nuvens bem definidas, de forma e disposição regulares, a grama é verde e aparada - nada parece aleatório, orgânico ou espontâneo. A monotonia que esta artificialidade traz, e que também se faz presente nas cores, é gritante e, à medida que o tempo corre, fica cada vez mais sufocante. O espaço cênico é claustrofóbico. A história, então, se desenrola reproduzindo a sensação dessa prisão cíclica, repetitiva, infinita e sem saída.



O terror psicológico está impresso no clima do filme, que também tange o humor e o drama, além de soar como uma ficção científica, compondo uma mescla interessante de gêneros. Há um mistério, queremos entender o que está acontecendo com eles, o que é aquele lugar e por que estão ali. A situação angustiante promove o suspense, ao mesmo tempo que constrói uma metáfora através do seu aspecto surreal.

 

Crítico e reflexivo, repleto de simbolismos e entrelinhas, é um filme intrigante, mas que pode ser cansativo, por se prender, mesmo que propositalmente, a uma rotina de sucessões. Peca também, talvez, por algumas falhas no seu desenvolvimento, que poderia ser mais profundo ou mais implícito. Para quem curte assistir produções ao estilo Black Mirror e afins, o filme é uma indicação válida.

 

REFERÊNCIAS


TRAILERhttps://www.youtube.com/watch?v=pcRYNa4MgbQ

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