
LANÇAMENTO: 25 de Março de 2020
DIRETORES: James Lebrecht e Nicole Newnham
ROTEIRO: James Lebrecht e Nicole Newnham
No início da década de 1970, pós Woodstock, os adolescentes com deficiência enfrentavam um futuro moldado pelo isolamento, discriminação e institucionalização. O acampamento "Jened", um campo em ruínas para deficientes, foi uma utopia, um lugar com esportes de verão, sessões de fumo, maquiagens e campistas que se sentiam realizados como seres humanos.
AUTORA do TEXTO: Vanessa Paiva
INSTAGRAM: https://www.instagram.com/paivaness1/
LETTERBOXD: https://letterboxd.com/vanessapaiva/
Um acampamento criado por hippies durante os
meados dos anos 70, enquanto Nixon estava no poder. Esse era o contexto
histórico que se enquadra "Crip Camp",
a história que conta como o Camp Janed foi além de uma experiência de
acessibilidade e se transformou em um percussor de um movimento que visava
garantias jurídicas reais, já que boa parte de americanos portadores de
deficiência permaneciam invisíveis aos olhos do Estado e da sociedade.
Em primeiro momento são reveladas imagens do acampamento inclusivo,
mostram-se os jovens se tratando com equidade. Em dado momento, por meio de entrevistas, vários participantes
revelam suas necessidades, dificuldades, anseios e sonhos. Fica evidente que, como
pessoas, não são tratadas dignamente. Os relatos incluem a superproteção, o
desejo por individualidades e liberdades que não são respeitadas. Inclusive um
deles revela que, apesar de tudo, tem
privilégios, considerando o fato de que muitas pessoas eram direcionadas a
Instituições superlotadas em situações precárias e degradantes de
sobrevivência,

Feito isso, em segundo momento, outras imagens
surgem e, devido a demandas urgentes, um movimento ativista reuniu os
participantes do acampamento que passaram a buscar, por meio de protestos e
ações, a concretização dos direitos civis nos EUA mediante a Lei de
Reabilitação. Dessa maneira, foi levantada a bandeira da inclusão para dar voz
às pessoas com deficiência que eram (e são) excluídas da sociedade.

Dirigido por Nicole Newnham e Jim LeBrecht,
boa parte da narração é feita por ele e sobre sua perspectiva, mas há relatos
de outros participantes do acampamento, expondo como essa luta
que sucedeu o Camp Janed mudou a perspectiva de vida e acessibilidade de
milhares de pessoas nos dias atuais. Bem executado, o tema não se perdeu em nenhum
instante, sendo surpreendente como fica evidente o modo como eram tratados pelo
mundo exterior.
Conduzido
e ambientado em grande parte nos anos 70, mas também em momentos que nos trazem
para os dias atuais com os personagens já envelhecidos. As cenas inicialmente foram
gravadas em preto e branco e em câmeras de Super 8, nos remetendo a um ar
caseiro e familiar. As cenas também são coloridas quando remetidas à
atualidade. Tudo é simples porque o objetivo principal é focar nas pessoas, pois
elas falaram e foram ouvidas, isso fica claro ao decorrer do documentário, o
que é um grande contraste com o que era vivenciado por elas, surpreendendo o
interlocutor.
Por fim é um documentário lúcido e honesto,
que leva à reflexão sobre o cotidiano
vivido por pessoas com deficiência, proporcionando o questionamento frente a
essa realidade jurídica e socioeconômica tão segregada, uma vez que as pessoas
com deficiência se sentem feridas pela falta de amparo legal do Estado, sendo
vital o atendimento de suas demandas. É inspirador e muito real. Fica aí uma
boa pedida pros dias que se sucedem, a boa notícia é: está no Netflix.

REFERÊNCIAS

TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=XRrIs22plz0
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