MILAGRE NA CELA 7

By | maio 15, 2020 Leave a Comment

LANÇAMENTO: 10 de Outubro de 2019
DIRETOR: Mehmet Ada Oztekin
ROTEIRO: Kubilay Tat e Ozge Efendioglu
ELENCO PRINCIPAL: Aras Bulut Iynemli; Nisa Sofiya Aksongur; Deniz Baysal; Hayal Koseoglu...




Sinopse: Uma história de amor entre um pai com doença mental que foi injustamente acusado de assassinato e sua adorável filha de seis anos. A prisão seria a casa deles.

AUTOR DO TEXTO: Eliezer Lugarini

Confesso que, ao descobrir a existência de um filme turco que fazia furor dentro das redes sociais e despertava intensamente o interesse do público de “streaming”, desconfiei de imediato que o produto não seria nada próximo ao cinema turco que o mundo se acostumou, aquele dos silêncios congelantes de Nuri Bilge Ceylan, ou mesmo das críticas sociais pesadas de Fatih Akin que, apesar de radicado na Alemanha, respira seu cinema em torno das questões dos turcos inseridos Europa afora. Ou seja, o filme não me empolgou de antemão.

"Milagre da Cela 7" nada mais é do que um reciclado americano plastificado rodado na Turquia, que, não fosse uma ou outra bandeira da Turquia nas paredes e uma meia dúzia de bigodudos com protuberância nasal acentuada, nem se faria notar sua procedência. A trama se desenrola quando Meme, um pai com deficiência mental que sofre todo tipo de preconceito, é acusado injustamente do assassinato de uma garotinha.  Meme cai em uma prisão, sofrendo todo o tipo de represália, que, aliás, faz muito pouco sentido, pois a prisão mais parece uma belíssima colônia de férias onde os presos mantêm relações de amizade, enquanto cantam canções locais e se deliciam com banquetes forrados de melancias, melões e outras guloseimas.


Nesta mescla fajuta de Uma Lição de Amor com À Espera de um Milagre, o que se segue é um festival de melodrama piegas e barato, mal desenvolvido em todos os sentidos, desde motivações maniqueístas do lado do pai da vítima, ao proibir a visita da filha Ova e de sua mãe (no caso a Avó, Ova e sua Avó sacou o palíndromo sublimar?), bem como na relação de uma queima de arquivo completamente incabível. Os clichês aumentam e o diretor faz questão de escancarar qualquer surpresa que possa haver em seu roteiro, ao tratar seu espectador como um completo imbecil e fazer questão de lembrá-lo, umas três vezes, que há uma relação importante entre um dos presidiários com um buraco, uma árvore e um suicídio.
 
Ao menos se salva a belíssima atuação da atriz mirim Nisa Sofiya Aksongur, uma verdadeira fofura, bem como uma fotografia bastante competente e alguns cenários deslumbrantes ainda que o diretor Mehmet Ada Oztekin, entre uma ou outra tomada esteticamente acima da média, faça questão de inserir um “slow-motion” despropositado, ou pior, com o propósito de forçar o choro no espectador, claro, sem nunca esquecer da trilha padrão pieguice máxima de violinos e pianos chorosos.


Enfim, um filme que anda devastando corações mundo afora, que emociona quem se deixar levar, mas, em uma análise um pouco além da superfície, se trata de um filme nada criativo, caricato, lotado de conveniências, cópia barata de outros bons filmes, cheio de soluções e dilemas fáceis, rasos e forçosos, injustiças atiradas na tela para atiçar o sentimento de pena e um sentimento de que não há apelação suficiente, porque, se houvesse, alguém teria incluído neste filme.

Desgostoso com a Turquia neste momento, partirei urgentemente para A Árvore dos Frutos Selvagens do Ceylan, para quem sabe assim, imediatamente, apagar esta má impressão momentânea causada.



REFERÊNCIAS


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